AO PEDIR AJUDA, APELE PARA O
EGOÍSMO DAS PESSOAS, JAMAIS PARA A SUA MISERICÓRDIA OU GRATIDÃO
Se precisar pedir ajuda a um
aliado, não se preocupe em lembrar a ele a sua existência e boas ações no
passado. Ele encontrará um meio de ignorar você. Em vez disso, revele algo na
sua solicitação, ou na sua aliança que o beneficiará, e exagere na ênfase. Ele
reagirá entusiamado se vir que pode lucrar alguma coisa com isso.
Na sua busca de poder, você
vai se encontrar constantemente na posição de ter que pedir ajuda aos mais
poderosos. Pedir ajuda é uma arte, que depende da sua capacidade para
compreender a pessoa com quem está lidando, e não confundir o que você precisa
com as necessidades dela.
As pessoas, na sua maioria,
não conseguem isso, porque estão totalmente presas aos seus próprios desejos e
necessidades. Elas começam supondo que as pessoas com quem estão lidando têm um
interesse altruísta em
ajudá-las. Falam como se as suas necessidades tivessem alguma
importância para estas pessoas — que provavelmente não estão dando a mínima. Às
vezes elas se referem a questões maiores: uma grande causa, ou emoções
grandiosas como amor e gratidão. Preferem o quadro geral, quando as simples
realidades cotidianas seriam muito mais atraentes. O que elas não percebem é
que até a pessoa mais poderosa está presa ao seu próprio conjunto de
necessidades, e que se você não acenar para o seu egoísmo ela simplesmente o
verá como alguém desesperado ou, na melhor das hipóteses, uma perda de tempo.
Cada pessoa com quem você
lida é como se fosse uma outra cultura, uma terra estranha com um passado que
nada tem a ver com o seu. No entanto é possível desfazer as diferenças entre
dois apelando para o egoísmo do outro. Não seja sutil: você tem um conhecimento
valioso para dividir, você vai encher os cofres dele de ouro, você tornará a
sua vida mais longa e feliz. Esta é uma linguagem que todos nós falamos e
compreendemos.
Um passo essencial nesse
processo é compreender a psicologia do outro. Ele é vaidoso? Está preocupado
com a sua reputação ou posição social’? Tem inimigos que você poderia ajudar a
vencer? A sua motivação é apenas o dinheiro e o poder’?
O egoísmo é a alavanca que
move as pessoas. Se conseguir que elas vejam que você pode, de alguma forma,
satisfazer as suas necessidades ou favorecer a sua causa, a resistência aos
seus pedidos de ajuda desaparece como que por um passe de mágica. A cada etapa
no caminho da conquista do poder, você deve procurar sempre ver o que passa
pela cabeça da outra pessoa, quais são as necessidades e interesses dela, para
afastar a cortina dos seus próprios sentimentos que obscurecem a verdade.
Domine esta arte e não haverá limites para você.
O INVERSO
Há pessoas que consideram o
apelo ao seu egoísmo como uma atitude feia e ignóbil. Elas na verdade preferem
poder exercitar a caridade, a misericórdia e a justiça, que é a sua maneira de
se sentirem superiores a você: quando você lhes implora ajuda, está enfatizando
o poder e a posição delas. Elas são fortes o bastante para não precisarem nada
de você, exceto a chance de se sentirem superiores. É este o vinho que as embriaga. Estão morrendo
de vontade de patrocinar o seu projeto, apresentar você a pessoas poderosas —
desde, é claro, que tudo isto seja feito em público, e por uma boa causa (em
geral, quanto mais público melhor). Nem todos, portanto, podem ser abordados
usando o egoísmo cínico. Algumas pessoas ficarão desconcertadas, porque não
querem parecer motivadas por essas coisas. Elas querem uma oportunidade para
exibir o seu bom coração.
Não seja tímido. Dê a elas
essa oportunidade. Não é que você esteja abusando da sua boa-fé pedindo ajuda —
elas realmente sentem prazer em dar, e serem vistas dando. Você deve saber
diferenciar as pessoas poderosas e descobrir quais são os seus motivos e
necessidades básicas. Se elas transpiram ganância, não apele para a sua
caridade. Se elas querem parecer nobres e caridosas, não apele para a sua
ganância.
A maneira mais
rápida e eficaz de fazer fortuna é deixar as pessoas verem claramente que é do
interesse delas promover o seu.
Jean de La Bruyêre ,
1645-1696
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