domingo, 29 de janeiro de 2017

O conselho do monge

Aos pés do Himalaia um Mestre me contou uma história que ele dizia ser verdadeira. Na Índia tudo é possível. Havia um pequeno vilarejo onde todos eram livres e felizes. Todos podiam falar... até os animais. Só havia um problema, não conseguiam conviver com a dona cobra rajada pois ela era muito feroz. Atacava, picava... assustava... e as crianças tinham muito medo dela assim como os adultos.
Já estavam pensando em eliminar a cobra do local, quando um Monge ali ia passando em sua peregrinação. Ao ouvir o alvoroço aproximou-se. E a população pediu a ele que gentilmente o ajudassem.
O Monge muito sábio foi até a cobra com muita cautela. Ela de longe sibilava e ameaçava-o. Foi quando ele disse que seus dias estavam contados e ela se assustou.
-“Como assim”?
-“Sim, você é muito feroz. Maltrata a todos, até os inocentes. Ninguém mais gosta de você”.
-“Mas só estou fazendo o que sempre me ensinaram. É de minha natureza. Como posso eu ser diferente”?
O Monge lhe disse para ser mais amiga... não maltratar os inocentes, ser mais bondosa e depois disto ele foi embora.
E ela se pôs a meditar.
Um ano depois o monge passa pelo mesmo vilarejo e encontra a cidade em festa, todos felizes com a cobra que se encontrava toda machucada, com curativos por todos os lados de seu corpo finoooo...
-“Mas o que houve”?
-“Oh Monge, fiz tudo o que me ensinaste. Hoje sou muito bondosa... mas olha só para mim”.
-“Minha amiga cobra... ser boba é diferente de ser boa. Falei para você não maltratar os inocentes... mas não lhe pedi que não mostrasse seus dentes”.

Vânia Lúcia Slaviero
No livro: A cura pelas metáforas