FAÇA COM QUE OS OUTROS
TRABALHAREM POR VOCÊ MAS SEMPRE FIQUE COM O CRÉDITO
Use a sabedoria, o
conhecimento e o esforço físico dos outros em causa própria. Não só essa ajuda
lhe economizará um tempo e uma energia valiosos, como lhe dará uma aura divina
de eficiência e rapidez. No final, seus ajudantes serão esquecidos e você lembrado.
Não faça você mesmo o que os outros podem fazer por você.
Muitos alimentam a ilusão de
que a ciência, por lidar com fatos, está acima de rivalidades mesquinhas que
atrapalham o resto do mundo. Nikola Tesla era um desses. Ele acreditava que a
ciência nada tinha a ver com a política, e dizia não se preocupar com a fama ou
a riqueza. Mais velho, entretanto, isto arruinou o seu trabalho científico. Sem
estar associado a nenhuma descoberta em particular, ele não poderia atrair
investidores para suas muitas idéias. Enquanto ele ficava imaginando grandes
invenções para o futuro, outros roubavam as patentes que ele já havia
desenvolvido e ficavam com a glória.
Temos duas lições: primeiro,
o crédito por uma invenção ou criação é tão importante, se não mais importante,
do que a própria invenção. Você deve garantir para si próprio o crédito e
impedir que outros o roubem, ou fiquem pendurados nas suas costas. Para isso
você deve se manter vigilante e implacável, guardar silêncio sobre a sua
invenção até ter certeza de não haver nenhum abutre voando por perto. Segundo,
aprenda a tirar vantagem do trabalho dos outros em causa própria. O tempo é
precioso e a vida é curta. Se tentar fazer tudo sozinho, você vai se desgastar,
desperdiçar energias e se queimar. É muito melhor conservar as suas forças,
deitar as garras no trabalho que os outros já fizeram e descobrir um jeito de
se apoderar dele.
A dinâmica do mundo do poder
é a da selva: há os que vivem caçando e matando, e há também um vasto número de
criaturas (hienas, abutres) que vivem do que os outros caçam. Estes últimos,
tipos menos imaginativos, com freqüência são incapazes de fazer o trabalho
essencial para a criação de poder. Eles compreendem desde cedo, entretanto,
que, se esperarem bastante, sempre encontrarão outro animal para trabalhar por
eles.
Não seja ingênuo: agora
mesmo, enquanto você se esforça em algum projeto, existem abutres ao redor
tentando imaginar um jeito de sobreviver e até prosperar com a sua
criatividade. É inútil ficar se queixando, ou sofrer amargurado, como fez
Tesla. Melhor se proteger e aprender a jogar. Uma vez tendo estabelecido uma
base de poder, torne-se você mesmo um abutre, e poupe um bocado do seu tempo e
energia.
A essência da Lei: aprenda a
fazer com que os outros trabalhem por você enquanto você fica com o crédito, e
parecerá que você tem energia e poder divinos. Se você acha importante fazer o
trabalho todo sozinho, não irá muito longe, e vai sofrer muito. Encontre gente
com as habilidades e a criatividade que você não tem. Contrate-os, e coloque o
seu nome em primeiro lugar na frente dos nomes deles, ou descubra um jeito de
roubar o trabalho deles e dizer que foi você quem fez. A criatividade deles,
portanto, se torna sua, e o mundo o verá como um gênio.
Existe uma outra aplicação
desta lei que não exige que você explore o trabalho dos seus contemporâneos:
use o passado, um vasto arsenal de conhecimento e sabedoria. Isaac Newton
chamou isso de “subir nos ombros de gigantes”. Ele queria dizer que, ao fazer
suas descobertas, ele tinha se baseado em conquistas alheias. A grande parte da
sua aura de gênio, ele sabia, podia ser atribuída à sua sagaz habilidade para
aproveitar ao máximo as visões dos cientistas da antigüidade, medievais ou
renascentistas. Shakespeare pediu emprestado enredos, caracterizações e até
diálogos de Plutarco, entre outros autores, pois sabia que ninguém suplantava
Plutarco na sutil psicologia e nas citações espirituosas. Quantos outros
autores depois, por sua vez, tomaram emprestado — plagiaram — de Shakespeare?
Nós sabemos como é raro os
políticos atualmente escreverem os seus próprios discursos. Suas próprias
palavras não lhes conquistaria um só voto; sua eloqüência e sagacidade, se ela
existe, se deve a um redator de discursos. Outras pessoas fazem o trabalho, eles
ficam com o crédito. O avesso é que esse tipo de poder está disponível para
todos. Aprenda a usar o conhecimento do passado e você parecerá um gênio, mesmo
que na realidade não passe de um esperto plagiador.
Escritores que se
aprofundaram na natureza humana, antigos mestres da estratégia, historiadores
da estupidez e loucura humana, reis e rainhas que aprenderam da maneira mais
difícil a lidar com o peso do poder — o conhecimento deles está acumulando
poeira, esperando que você suba nos seus ombros. A sagacidade deles pode ser a
sua sagacidade, a capacidade deles pode ser a sua capacidade, e eles não virão
dizer que você não tem nada de original. Você pode batalhar, cometer erros sem
fim, gastar tempo e energia tentando fazer coisas a partir da sua própria
experiência. Ou pode usar os exércitos do passado. Como disse Bismarck certa
vez, “Os tolos dizem que aprendem pela experiência. Eu prefiro aproveitar a
experiência dos outros”.
O INVERSO
Há momentos em que ficar com
o crédito pelo trabalho dos outros não é o mais sensato: se o seu poder não
está solidamente estabelecido, vai parecer que você está empurrando os outros
para longe dos refletores. Para ser um brilhante explorador de talentos, a sua
posição tem de ser inabalável, ou você será acusado de fraude.
Tenha certeza de saber
quando é interessante para você dividir o crédito com os outros. É muito
importante não ser ganancioso quando se tem um mestre em posição superior. A
histórica visita do presidente Richard Nixon à República Popular da China foi
originalmente idéia dele, mas jamais teria se realizado não fosse a hábil
diplomacia de Henry Kissinger. Nem teria tido tanto sucesso sem a habilidade de
Kissinger. Não obstante, na hora de ficar com o crédito, Kissinger sabiamente
deixou que Nixon ficasse com a parte do leão. Sabendo que a verdade acabaria se
revelando, ele teve o cuidado de não colocar em risco a sua posição no curto
prazo apropriando-se das luzes. Kissinger jogou com esperteza: ficou com o
crédito pelo trabalho dos que estavam abaixo dele, enquanto graciosamente deu o
crédito do seu próprio esforço aos que estavam acima. É assim que se joga.
Há muito o que saber, a vida
é curta, e a vida não é vida sem conhecimento. É, por conseguinte, um excelente
truque adquirir o conhecimento de todo mundo. Assim, enquanto os outros suam,
você ganha a reputação de um oráculo. Baltasar Gracián, 1601-1658
Todos roubam no
comércio e na indústria. Eu mesmo roubei muito. Mas eu sei como roubar.
Thomas Edison, 1847-1931
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