Certo homem, depois de muitos anos de trabalho e
meditação sobre a melhor maneira de atravessar o rio diante a sua casa,
construiu uma pinguela sobre ele. Acontece que os habitantes da aldeia
raramente ousavam atravessá-la, por causa da sua precariedade.
Um belo dia apareceu por ali um engenheiro, e junto
com os habitantes, construiu uma ponte, o que deixou enfurecido o
construtor da pinguela. A partir daí, ele começou a dizer, para quem
quisesse ouvir, que o engenheiro tinha desrespeitado o seu trabalho.
- Mas a pinguela ainda esta lá! - respondiam os habitantes. É um monumento aos seus anos de esforços e meditação.
- Ninguém a usa - o homem, nervoso, insistia.
- O senhor é um cidadão respeitado e nós gostamos do
senhor. Acontece que, se as pessoas acham a ponte mais bela e mais útil
que a pinguela, o que podemos fazer?
- Ela está cruzando o meu rio!
- Mas senhor, apesar de todo o respeito que temos
pelo seu trabalho, queríamos dizer que o rio não é seu. Ele pode ser
atravessado a pé, por barco, a nado, de qualquer maneira que desejarmos;
se as pessoas preferem cruzar a ponte, porque não respeitar o desejo
delas?
- Finalmente, como podemos confiar em alguém que, ao invés de
tentar melhorar a sua pinguela, passa o tempo todo criticando a ponte?
Existe gente que, ao invés de tentar melhorar aquilo que faz, procura sempre destruir o que os outros estão tentando fazer.
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