domingo, 9 de fevereiro de 2014

O PERIGO DO VERDADEIRO INFERNO

Por: Cleide Canton

A força do homem está no lapidar-se. Somos perfeitos na essência mas ainda claudicantes na edificação das estruturas da nossa personalidade.

     Não é fácil o construir-se e erramos desde o princípio. Não sei ainda onde se baseiam os que ainda teimam em dizer que nossos tempos são melhores dos que os de nossos avós em todos os aspectos culturais. Ou são realmente cegos ou se fazem de.

      A sociedade leva o homem às opções de suas ações mas o homem é o responsável pela sociedade da qual faz parte. Então, o erro social é conseqüência do erro do homem. Novamente estamos nos preocupando em tentar consertar os efeitos e esquecer a causa primeira: a educação.

     Acordem, pais! Acordem jovens! Nós estamos todos errando e é preciso uma atitude firme e consciente.

      Acordem mães! Nossos filhos são resultantes da sementinha que nós não mais estamos fornecendo, da rega que não estamos cuidando, da aceitação tácita e confortável de que não há mais nada que fazer, das desculpas da nossa falta de tempo, da anuência ao excesso de liberdade a vista de que isso é conseqüência do modernismo.

      Pais Modernos! Para mim isso já se tornou um papo mais do que inútil! Está aí o resultado. E a culpa foi nossa, sim. Erramos desde o princípio, quando, conscientemente, quisemos dar aos nossos filhos aquilo que não tivemos. Que luta gloriosa, não é? A nossa maior preocupação não deveria ser "dar a eles o que não tivemos" e sim,"favorecê-los para que fossem o que não fomos".

      Perdemos a autoridade a partir do momento que o transformamos em apenas "amigos". E quem é que disse que para ser amigo do filho deve-se tratá-lo de igual para igual? Está aí o resultado: uma juventude sem estímulo, sem o mínimo de respeito a valores, sem cultura, centrados num egoísmo que os faz agir apenas em benefício de si próprios, cobrando-nos um amor baseado apenas no que eles chamam de "direitos", alheios a qualquer sentimento de solidariedade, respeito, religiosidade e patriotismo. Nada querem além de "curtir" o hoje, viver intensa e perigosamente.

      E nós, esperando que um milagre aconteça e os faça enxergar.

      Nossas escolas, no intuito de "prepará-los para a vida, perderam o referencial do "conteúdo". Para evitar as conseqüentes reprovações, promovem sem o mínimo de conhecimento, queimando etapas do aprendizado, lacunas que jamais serão preenchidas e que, mais adiante, provocarão seqüelas irreversíveis.

      E ainda tenho que ouvir os "doutos" afirmarem com convicção, que não tenhamos preocupações, pois na hora certa, dar-se-á o famoso "insight", justificativa daqueles (sempre bondosos e compreensivos) que, novamente e sempre, empurram com a barriga, para o amanhã, o que deveria ser resolvido e consertado hoje. Isto não é bondade, tolerância, compreensão. Isto é falta de ação, de garra. Vou além: Isso é covardia, é cegueira conveniente e conivente.

      Novamente, vamos combater as conseqüências de erros perfeitamente previsíveis, senão pela cabeça dos sensatos, certamente pelos resultados nefastos que se tem visto, desde o princípio.

      Nossos jovens não sabem ler, já perceberam? Talvez não seja bem assim. O que quero dizer é que não sabem ler entendendo o que foi escrito. Os pais dos nossos jovens também. Se antes precisávamos ler para reter, hoje precisamos ler várias vezes para entender ( e olhe que nosso linguajar está cada vez mais pobre).

     Se estamos onde estamos, imaginem aonde chegaremos! Mas afinal, para que nos preocuparmos com isso, não é? Temos tantos problemas "mais importantes"...


      "Quando escrevo sou extremamente egoísta. Escrevo para mim mesma.
Não existe dentro de mim um advogado de defesa muito bom, mas o acusador é terrível! Critico-me, reconsidero, aconselho-me, penitencio-me. Jamais sinta meu dedo acusador apontado para você, mas se a carapuça servir, espero que seu defensor ( aquele que somente fala consigo) seja muito melhor que o meu". 

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