Publicado: 07 Dezembro 2002
Uma experiência difícil, o exemplo de um
amigo ou uma conversa com alguém que admiramos podem servir de
inspiração para mudarmos nossa maneira de encarar a vida. Minha
inspiração veio da minha irmã Vicki. Ela era uma pessoa gentil e
carinhosa, não ligava para elogios e tudo o que queria era compartilhar
seu amor com as pessoas de quem gostava: sua família e seus amigos.
No último verão, antes do meu primeiro ano de
faculdade, recebi um telefonema do meu pai dizendo que Vicki tinha sido
internada de emergência. Ela tinha passado mal e o lado direito do seu
corpo estava paralisado. Os primeiros sintomas indicavam que ela poderia
ter sofrido um derrame. No entanto, os resultados dos testes mostraram
algo muito mais sério: a paralisia era conseqüência de um tumor maligno
no cérebro. Os médicos não davam a Vicki mais de três meses de vida.
Fiquei completamente arrasado. Como aquilo podia estar acontecendo? No
dia anterior, minha irmã estava bem, não sentia nada, era uma jovem
saudável. Agora, estava entre a vida e a morte.
Depois de superar o choque inicial e o sentimento de
vazio, decidi que Vicki precisava de esperança e incentivo. Ela
precisava de alguém que a fizesse acreditar que poderia superar aquele
obstáculo. Resolvi ajudá-la a vencer a doença. Todo dia visualizávamos o
tumor encolhendo e só falávamos coisas positivas. Eu até colei um
cartaz na porta do seu quarto no hospital com os dizeres: "Se tiver
pensamentos negativos, deixe-os do lado de fora." Nós fizemos um trato
que se chamava 50-50. Eu lutaria 50% e ela lutaria os outros 50%.
Quando o ano letivo começou, eu não tinha certeza se
deveria ir para a faculdade, a quase cinco mil quilômetros de distância,
ou ficar com Vicki. Ela ficou brava por eu ter pensado nessa
possibilidade e insistiu para eu não me preocupar, porque ela ia ficar
bem. Ali estava Vicki, deitada em uma cama de hospital, me dizendo para
não me preocupar. Percebi que, se ficasse, poderia passar a mensagem de
que ela estava morrendo e eu não queria que ela pensasse assim. Vicki
precisava acreditar que poderia vencer a batalha contra o câncer.
Ir embora naquela noite, sentindo que poderia ser a
última vez que eu veria minha irmã, foi a coisa mais difícil que já fiz.
Na faculdade, nunca parei de lutar meus 50% por ela. Toda noite, antes
de dormir, conversava mentalmente com Vicki, esperando que de alguma
forma ela me ouvisse. Eu repetia: "Vicki, estou lutando por você e nunca
vou desistir. Não deixe de lutar, porque nós vamos vencer isso."
Alguns meses se passaram e ela continuou agüentando
firme. Certo dia, uma amiga me perguntou sobre o estado de Vicki. Eu
disse que ela estava piorando, mas que não desistia. Minha amiga, mais
velha e experiente, fez uma pergunta que me deixou pensativo:
- Você acha que o motivo pelo qual Vicki não desistiu é porque não quer desapontar você?
Será que ela estava certa? Será que eu era egoísta
por encorajar Vicki a continuar lutando? Naquela noite, antes de dormir,
tentei transmitir uma mensagem diferente para ela: " Vicki, eu entendo
que você está sofrendo muito. Se preferir descansar, faça isso. Desistir
não é perder. Se você quiser ir para um lugar melhor, eu entendo. Vamos
ficar juntos de novo. Eu te amo e vou sempre estar com você."
Na manhã seguinte, minha mãe telefonou bem cedo para avisar que Vicki tinha morrido.
JAMES MALINCHAK
Do livro: Histórias para aquecer o coração dos adolescentes
Do livro: Histórias para aquecer o coração dos adolescentes
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