Servis!... dançai, folgai - na régia bacanália...
Quadro-voz essa luz que nos raios espalha
A treva e o crime atrai!...
Quadro-voz essa luz que nos raios espalha
A treva e o crime atrai!...
Valsai - nesse delírio atroz, brutal que assombra -
Folgai... a grande Luz espia-vos na sombra!
Folgai, cantai - valsai!...
Folgai... a grande Luz espia-vos na sombra!
Folgai, cantai - valsai!...
Que vos importa - ó vis, caricatos atletas -
Se o povo dorme nu - nas lôbregas sarjetas -
Entre o pântano e os Céus!....
Se o povo dorme nu - nas lôbregas sarjetas -
Entre o pântano e os Céus!....
Q'importa se essa luz - faz as noites da História!
Q'importa se os heróis 'stão entre a lama e a Glória
Entre a miséria e Deus!...
Q'importa se os heróis 'stão entre a lama e a Glória
Entre a miséria e Deus!...
Q'importa-vos a dor; - a lágrima brilhante
Do seio dos heróis -, estrela palpitante
Que ao céu do porvir vai...
Do seio dos heróis -, estrela palpitante
Que ao céu do porvir vai...
Q'importa-vos a honra, a consciência, a crença,
A justiça, o dever!?... ah! vossa febre é imensa! -
Folga, folgai, folgai!...
A justiça, o dever!?... ah! vossa febre é imensa! -
Folga, folgai, folgai!...
Q'importa-vos a Pátria...a pátria - é-vos um nome!....
Q'importa-vos o povo - esse galé da fome -
Ó cortesãos, ó rei!?
Q'importa-vos o povo - esse galé da fome -
Ó cortesãos, ó rei!?
Se o olhar das barregãs, de amor e febre aceso
Vos ferve dentro d'alma - e se o direito é preso
Nessa grilheta - Lei!
Vos ferve dentro d'alma - e se o direito é preso
Nessa grilheta - Lei!
Fazeis bem em rir - ó pequeninos seres...
O crime, o vício e o mal são os vossos deveres -
Avante pois - gozai...
O crime, o vício e o mal são os vossos deveres -
Avante pois - gozai...
Atufai-vos - rolai ó almas guarida -
No abismo fundo e frio - o seio da perdida!...
- Cantai... cantai, cantai!...
No abismo fundo e frio - o seio da perdida!...
- Cantai... cantai, cantai!...
Gritai com força! assim... não percebeis agora
O eco de vossa voz?... - de vossa voz sonora -
Tremer na vastidão!?
O eco de vossa voz?... - de vossa voz sonora -
Tremer na vastidão!?
Não ouvis as canções que o seu frêmito espalha?...
Ele desce de Deus - ó dourada canalha -
Ele é – Revolução!…
Ele desce de Deus - ó dourada canalha -
Ele é – Revolução!…
Euclides Rodrigues da Cunha (Cantagalo, Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 1866 - Rio de Janeiro, 15 de agosto de 1909) - Além de muito conhecido pela prosa, Euclides também foi poeta, jornalista, geógrafo e engenheiro. Escreveu o notório Os Sertões - Campanha de Canudos e diversos artigos publicados nos jornais que trabalhou ao longo de sua vida.
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