segunda-feira, 31 de março de 2014

Atalhos em Nossas Vidas

Dois jovens recém-casados, eram muito pobres e viviam de favor num sítio no interior.
Um dia o marido fez a seguinte proposta a esposa:
"Querida, eu vou sair de casa, vou viajar para bem longe, arrumar um emprego, e trabalhar até ter condições para voltar e dar-te uma vida mais digna e confortável. Não sei quanto tempo eu vou ficar longe, só peço uma coisa: Que você me espere, e enquanto estiver fora, seja fiel a mim, pois eu serei fiel a você."
Assim sendo, o jovem saiu, andou muitos dias a pé, até que encontrou um fazendeiro que estava precisando de alguém para ajudá-lo em sua fazenda. O jovem chegou e ofereceu-se para trabalhar, no que foi aceito.
Pediu para fazer um pacto com o patrão, o que também foi aceito.
O pacto foi o seguinte: Me deixe trabalhar pelo tempo que eu quiser e quando eu achar que devo ir, o senhor me dispensa das minhas obrigações. Eu não quero receber meu salário. Peço que o senhor o coloque na poupança até o dia em que eu for embora. No dia em que eu sair o senhor me dá o dinheiro e eu sigo o meu caminho.
Tudo combinado. Aquele jovem trabalhou durante 20 anos, sem férias e sem descanso.
Depois de 20 anos ele chegou para o patrão e disse:
"Patrão, eu quero o meu dinheiro, pois estou voltando para minha casa. O patrão então lhe respondeu.
Tudo bem, afinal fizemos um pacto e vou cumpri-lo, só que antes, quero lhe fazer uma proposta, tudo bem?
Eu lhe dou todo o seu dinheiro e você vai embora ou lhe dou 3 conselhos e não lhe dou o dinheiro. Vá para o seu quarto, pense e depois me de a resposta."
Ele pensou durante 2 dias, procurou o patrão e disse-lhe:
"Quero os três conselhos."
O patrão novamente frisou:
"Se lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro."
E o empregado respondeu:
"Quero os conselhos."
O patrão então lhe Falou:
1º Nunca tome atalhos em sua vida, caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar a sua vida;
2º Nunca seja curioso para aquilo que é mal, pois a curiosidade para mal pode ser fatal;
3º Nunca tome decisões em momentos de ódio ou de dor, pois você pode se arrepender e ser tarde demais.
Após dar os conselhos o patrão disse ao rapaz, que já não era tão jovem assim:
"Aqui você tem três pães, dois para você comer durante a viagem e o terceiro é para comer com sua esposa quando chegar em sua casa."
O homem então seguiu seu caminho de volta, depois de 20 anos longe de casa e da esposa que tanto amava. Após o 1º dia de viagem encontrou um andarilho que o cumprimentou e lhe perguntou:
Para onde você vai?
Ele respondeu:
Vou para um lugar muito longe que fica a mais de 20 dias de caminhada pôr esta estrada.
O andarilho disse-lhe então:
Rapaz, este caminho é muito longo, eu conheço um atalho que é ‘dez’ e você chega em poucos dias.
O rapaz contente, começou a seguir pelo atalho, quando lembrou-se do 1º conselho, então voltou e seguiu o caminho normal. Dias depois soube que o atalho levava a uma emboscada. Depois de alguns dias de viagem, cansado ao extremo, achou uma pensão a beira da estrada, onde pode hospedar-se.
Pagou a diária e após tomar um banho deitou-se para dormir. De madrugada, acordou assustado com um grito estarrecedor. Levantou-se, de um salto só e dirigiu-se a porta para ir até o local do grito. Quando esta abrindo a porta lembrou-se do 2º conselho.
Voltou, deitou-se e dormiu, Ao amanhecer, após tomar o café, o dono da hospedagem lhe perguntou se ele não havia ouvido um grito e ele disse que tinha ouvido.
O hospedeiro disse:
E você não ficou curioso? Ele disse que não.
O hospedeiro respondeu:
Você é o primeiro hospede a sair vivo daqui, pois meu filho tem crises de loucura, grita durante a noite e quando o hospede sai, mata-o e enterra-o no quintal.
O rapaz prosseguiu na sua longa jornada, ansioso pôr chegar a sua casa. Depois de muitos dias e noites de caminhada.....Já no entardecer, viu entre as arvores a fumaça de sua casinha, andou e logo viu entre os arbustos a silhueta de sua esposa. Estava anoitecendo, mas ele pode ver que ela não estava só. Andou mais um pouco e viu que ela tinha entre os braços um homem, que a estava acariciando os cabelos. Quando viu aquela cena, seu coração se encheu de ódio e amargura e decidiu-se a correr de encontro aos dois e matá-lo sem piedade.
Respirou fundo, apressou os passos, quando lembrou-se do 3º conselho. Então parou, refletiu e decidiu dormir aquela noite ali mesmo e no dia seguinte tomar uma decisão.
Ao amanhecer, já com a cabeça fria ele disse:
"Não vou matar minha esposa e nem seu amante. Vou voltar para o meu patrão e pedir que ele me aceite de volta. Só que antes quero dizer a minha esposa que eu sempre fui fiel a ela."
Dirigiu-se a porta da casa e bateu. Quando a esposa abre a porta e o reconhece, se atira ao seu pescoço e o abraça afetuosamente. Ele tenta afastá-la, mas não consegue. Então, com lágrimas nos olhos, lhe diz:
"Eu fui fiel a você e você me traiu." Ela espantada responde:
"Como ? Eu nunca te traí, te espero durante esses 20 anos."
Ele então lhe perguntou:
"E aquele homem que você estava acariciando ontem ao entardecer?" Ela lhe disse:
"Aquele homem é nosso filho. Quando você foi embora descobri que estava grávida. Hoje ele está com 20 anos de idade.
Então o marido entrou, conheceu, abraçou seu filho e contou-lhes toda a sua história, enquanto a esposa preparava o café. Sentaram-se para toma-lo e comer juntos o último pão. Após a doação de agradecimento, com lágrimas de emoção , ele parte o pão e ao abri-lo, encontra todo o seu dinheiro, o pacto pôr seus 20 anos de dedicação.
Muitas vezes achamos que o atalho "queima etapas" e nos faz chegar mais rápido, o que nem sempre é verdade....
Muitas vezes somos curiosos, queremos saber da coisas que nem ao menos nos dizem respeito e que nada de bom nos acrescentará....
Outras vezes agimos por impulso, na hora da raiva e fatalmente nos arrependemos depois....
Espero que você, assim como eu, não esqueça desses 3 conselhos, e não esqueça também de confiar, mesmo que a vida muitas vezes já tenha lhe dado motivos para a desconfiança.
Autor desconhecido

domingo, 30 de março de 2014

Mantenha a Ética nas Redes Sociais


Quando falamos em ética e postura profissional nos lembramos das regras e das condutas que devemos seguir dentro do ambiente de trabalho.

A ética nada mais é que conjuntos de valores e de princípios que norteiam nossa vivencia na sociedade. Levamo-la para dentro do mundo corporativo e ainda adotamos mais algumas regras dentro de nossas profissões, pois a maioria delas tem um código específico.

Com o boom advindo dos meios de comunicação e redes sociais, vimos pessoas expondo suas vidas, muitas vezes exageradamente, na internet. Isso pode influenciar de maneira negativa na imagem de um profissional, podendo até arruinar sua carreira.

Hoje a linha entre o público e privado, o pessoal e profissional, é muito tênue, fazendo com que nossa ética e postura profissional necessitem ser mantidas também fora do ambiente corporativo.

Fotos, vídeos, opiniões, frases, entre outras postagens devem ser avaliadas antes de serem inseridas nas redes sociais onde que, em um clique, tudo estará exposto e você poderá ser mal visto.

Postagens de festas regadas a bebida, preconceituosas, provocativas, sensuais, de intimidade, entre outras devem ser evitadas. Além disso, os posts referentes à empresa devem ser feitos com cautela, para manter a imagem da organização preservada.

Outro ponto a ser levantado é quanto à utilização das redes sociais da empresa. Um profissional não deve, em hipótese alguma, responder com seu perfil, a uma postagem de um cliente, mesmo que ela esteja diretamente ligada à sua competência. A maioria das empresas possuem um departamento, ou um profissional, gabaritado para gerir tais questões.

Algumas empresas dispõem de manuais de conduta nas redes sociais que devem ser seguidas pelos profissionais, a fim de não expor excessivamente a empresa e seus colaboradores, mantendo assim a ética e postura profissional.

No mais, aproveite as redes sociais de maneira saudável, faça postagens que possam demonstrar suas habilidades, seus gostos e preferências, tenha discussões equilibradas e compartilhe conteúdos interessantes. As redes sociais, com certeza podem ser ótimas aliadas à sua carreira.

quinta-feira, 27 de março de 2014

A ciência da fé

Por: Sílvia Lisboa, Revista Superinteressante Novembro de 2013


A ciência se curvou aos fatos: dezenas de estudos mostram que fiéis são mais felizes, vivem mais e são mais agradáveis. Mas também não há mais dúvidas de que é possível reproduzir esses efeitos em ateus e pessoas sem religião. Acredite.

Como você professa sua fé?", pergunta o médico Paulo de Tarso Lima a seus pacientes na primeira consulta. Conversar sobre isso virou rotina no setor de oncologia em um dos mais conceituados hospitais do Brasil, o Albert Einstein, em São Paulo, onde Lima é coordenador do Serviço de Medicina Integrativa. Se o doente vai à missa, ele anota na receita: aumentar a frequência aos cultos. Se deseja a visita de um padre, rabino ou pastor, o hospital manda chamar. Se quiser meditar, professores de ioga são convocados. No hospital, a fé é uma arma no tratamento de doenças graves.

A Santa Casa de Porto Alegre também trabalha nesse sentido. O hospital está realizando uma pesquisa inédita, em parceria com a Universidade Duke, nos Estados Unidos, para mensurar os benefícios biológicos da fé. O objetivo é descobrir se os pacientes espiritualizados submetidos à cirurgia de ponte de safena têm menos inflamações no pós-operatório - hipótese já levantada por outros estudos. "Existe um marcador de inflamação que parece apresentar menores níveis em religiosos", explica o cardiologista Mauro Pontes, coordenador do Centro de Pesquisa do Hospital São Francisco, um dos sete hospitais do complexo Santa Casa da capital gaúcha.

Hoje, as principais faculdades de medicina americanas dedicam uma disciplina exclusiva ao assunto. E, na última década, uma série de estudos mostrou que os benefícios da fé à saúde têm embasamento científico. Devotos vivem mais e são mais felizes que a média da população. Após o diagnóstico de uma doença, apresentam níveis menores de estresse e menos inflamações. "O paciente com fé tem mais recursos internos para lidar com a doença", diz Paulo Lima. Fé tem uma participação especial no que médicos e terapeutas chamam de coping: a capacidade humana de superar adversidades. "Não posso prescrever bem-estar, mas posso estimular que o paciente vá em busca de serenidade para encarar um momento difícil", explica o médico. É por isso que mais profissionais têm defendido essa relação. "Atender às necessidades espirituais tem de ser, sim, tarefa do médico", defende o cirurgião cardíaco Fernando Lucchese, que está escrevendo o livro A Revolução Espiritual com o psiquiatra americano Harold Koenig, autoridade no assunto.

Há um século, o canadense William Osler, ícone da medicina moderna, já defendia isso. Em 1910, ele escreveu um artigo cheio de floreios elogiosos às crenças das pessoas: "a fé despeja uma inesgotável torrente de energia".

A designer Juliana Lammel, 33 anos, vivenciou isso. Em 2005, cansada de tantas operações sem sucesso para corrigir um estreitamento no ureter, canal que liga os rins à bexiga, ela resolveu fazer uma cirurgia espiritual, mesmo sem ter nenhuma ligação com o espiritismo. "Para mim, era sinônimo de filme de fantasma", lembra. Ela topou - e sem ceticismo. Para ter resultado, Juliana teria de acreditar piamente, já que o tratamento espírita exige fé do paciente.

Uma vez por semana, por um mês, na mesma hora, ela deitava na própria cama por 30 minutos, ao mesmo tempo em que o grupo espírita fazia a concentração. Ela em São Paulo, eles no Rio de Janeiro. No fim, Juliana voltou ao médico com novos exames. Ele viu os resultados e não conseguia explicar por que os componentes alterados do rim tinham voltado a níveis quase normais. Juliana foi operada mesmo assim, mas o procedimento foi bem menos agressivo do que o previsto, graças, segundo ela, à cirurgia espiritual. O episódio mudou a forma como a designer lida com a fé. "Antes, me forçava a acreditar em algo. Depois disso, passei a acreditar de verdade".
Vantagens no dia a dia


Uma das maiores pesquisas feitas até hoje, divulgada em 2009, revisou 42 estudos sobre o papel da espiritualidade na saúde, que envolveram mais de 126 mil pessoas. O resultado mostrou que quem frequenta cultos religiosos pelo menos uma vez por semana tem 29% mais chances de aumentar seus anos de vida em relação àqueles que não frequentam. Não é intervenção divina. Não é feitiçaria. É comportamento. Os entrevistados que são religiosos apresentaram um comprometimento maior com a própria saúde. Iam mais ao dentista, tomavam direitinho remédios prescritos, bebiam e fumavam menos. A pesquisa confirmou ainda os dados de um estudo populacional feito em 2001 pelo Centro Nacional de Adição e Abuso de Drogas dos EUA: adultos que não consideram religião importante em suas vidas consomem muito mais álcool e drogas do que os que acham os credos relevantes. É a versão real dos Simpsons e seus exageros estereotipados. Homer faz pouco de qualquer fé, é obeso e alcoólatra. Já seu vizinho, o carola Ned Flanders, é regrado, tem saúde perfeita e corpo sarado.

Andar na linha é mais comum entre os crentes, e a razão está no poder de autocontrole, dizem os cientistas. É o que defende o psicólogo Michael McCullough. Professor da Universidade de Miami e parceiro de Harold Koenig em pesquisas sobre espiritualidade, ele diz que a fé facilita a árdua tarefa de adiar recompensas, algo fundamental para muita coisa, de fazer dieta a estudar para concursos.

A fé também tem uma relação íntima com a felicidade. Um estudo feito na Europa mostrou que pessoas espiritualizadas se dizem mais satisfeitas do que aquelas que não se consideram como tal. Parte disso se explica na natureza de ateus e céticos em geral. Quem não acredita em nada pode ter mais propensão ao pessimismo porque faz uma leitura objetiva da vida, sem crer em algo divino que mude as coisas. Por outro lado, a certeza da existência de uma recompensa divina muda a vida das pessoas. E não é questão somente de otimismo. Tem algo pragmático aí.

Religiões estimulam algo essencial para o ser humano: o espírito de comunidade. Devotos normalmente não estão sozinhos, o que ajuda nos problemas da vida. Para Andrew Clark, um dos autores desse estudo europeu e professor da Escola de Economia de Paris, as religiões ajudam as pessoas a superar choques ou a pelo menos não se desesperar tanto com os tropeços da vida. Por exemplo, segundo a pesquisa, a queda no indicador de bem-estar foi menor entre os desempregados religiosos do que entre os não religiosos. "A religião oferece 'proteção' contra o desemprego", diz Clark. Na hora do aperto, há sempre alguém para estender a mão. Outra pesquisa, feita pela Universidade de Michigan, EUA, comparou duas formas de amparo recebidas por idosos: o oferecido pelas igrejas e o proporcionado por serviços sociais estatais. A discrepância a favor do suporte religioso foi tão significativa que o autor do estudo, o gerontologista Neal Krause, acredita haver algo de único nesse tipo de apoio.

Até mesmo os ateus são beneficiados pelo espírito solidário oferecido pelas instituições religiosas. Um estudo feito por Clark investigou o efeito da religiosidade dos outros sobre o bem-estar de uma comunidade. A descoberta foi intrigante. As pessoas sem religião de regiões de maioria ateia são menos felizes do que aquelas sem religião de áreas onde a maior parte da população professa uma fé. "Isso não é nada bom para os ateus: eles parecem menos felizes e também fazem os outros menos felizes", concluiu Clark. A explicação para isso pode estar na compaixão incentivada pelas religiões. A escritora e ex-freira inglesa Karen Armstrong, autora de mais de 20 livros sobre o tema, acredita que o princípio da compaixão está no centro de todas as tradições religiosas. É ela que nos leva a pensar no próximo e a fazer de tudo para aliviar o sofrimento e as angústias dele.

Antônio Gilberto Lehnen, 78 anos de catolicismo ativo, sentiu os efeitos dessa rede de apoio após enfrentar duas cirurgias que quase lhe custaram a vida. Aos 67 anos, ele teve de passar por um transplante cardíaco. Na lista de espera por um novo coração, sem saber ao certo se aguentaria, sua atitude era de gratidão. "Lembro de ele me dizer, com toda a tranquilidade: 'Planeja tudo aqui que o papai do céu está cuidando de mim'. Era uma atitude confiante", lembra o cirurgião Fernando Lucchese, que fez a operação. Antônio é grato até hoje. "Não sei quem foi o doador, mas não deixo nem um dia de rezar por ele e pela felicidade da sua família", diz.
O que é a fé


Na Antiguidade, as religiões eram essenciais para unir uma comunidade. "Nas sociedades primitivas, a religião sempre exigiu tanto esforço (de união) que não pode ser encarada só como um acidente evolutivo", diz Nicholas Wade, autor de The Faith Instinct ("O instinto da fé", sem edição no Brasil). Essa união foi questão de sobrevivência por milênios. É o que afirma Karen Armstrong em Os 12 Passos para uma Vida de Compaixão. Organizado em pequenos grupos, o homem primitivo precisava partilhar os parcos recursos a mão. Muito antes do surgimento das grandes religiões, altruísmo e generosidade já eram características primordiais a um bom líder tribal.

A genética também ajuda a explicar a origem da fé. O geneticista americano Dean Hamer causou rebuliço no meio científico em 2004 ao anunciar a descoberta dos genes da fé - ou, como ele preferiu chamar, o gene de Deus. Batizado de VMAT2, trata-se de um conjunto de genes que ativam substâncias químicas que dão significado às nossas experiências. Eles atuam no cérebro regulando a ação dos neurotransmissores dopamina, ligada ao humor, e serotonina, relacionada ao prazer. Durante a meditação, por exemplo, esses neurotransmissores alteram o estado de consciência. "Somos programados geneticamente para ter experiências místicas. Elas levam as pessoas para algo novo, ouvem Deus falar com elas", explica Hamer. O pesquisador aplicou um questionário para medir o grau de espiritualidade em um grupo de 1.001 voluntários. Desenvolvido pelo psiquiatra Robert Cloninger, da Universidade de Washington, o levantamento trazia perguntas ligadas a crenças e rituais. Hamer avaliou os genes dos voluntários e percebeu que as diferenças nas respostas estavam relacionadas com as variações no gene de Deus. Essas variações explicariam por que algumas pessoas são mais espiritualizadas que outras.


Dá para visualizar isso, literalmente. Exames de neuroimagem mostram a atividade de crenças espirituais no cérebro. O time de cientistas liderado por Andrew Newberg, professor da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, e autor do livro How God Changes Your Brain ("como Deus muda o seu cérebro", sem edição no Brasil), demonstrou que Deus é parte da nossa consciência: quanto mais pensamos nele, mais nossos circuitos neurais são alterados. No primeiro de seus estudos a respeito, Newberg avaliou o impacto da fé ao analisar imagens cerebrais de freiras rezando e budistas meditando. Ele detectou aumento de atividade em áreas relacionadas às emoções e ao comportamento e redução na zona que dá senso de quem somos. A diminuição de trabalho nessa região específica, segundo Newberg, representa a possibilidade de atingir com a meditação um estado em que se perde a noção de individualidade, espaço e tempo. "Você se torna um único ser com Deus ou com o Universo", escreveu. É o mesmo efeito descrito por Hamer. A ciência não pode provar que Deus existe, mas consegue medir os efeitos da crença no divino nas pessoas.

Seria possível, então, transformar esses efeitos da fé em um botão no cérebro, que poderíamos ativar quando quiséssemos? O canadense Michael Persinger quis provar que sim ao criar o "capacete de Deus". Trata-se de um aparelho que estimula uma área específica do cérebro, onde nascem pensamentos místicos e espirituais. Persinger queria saber se dava para simular a sensação de uma prece intensa ou da meditação apenas estimulando essa região cerebral. Ele recrutou voluntários religiosos e não religiosos para o teste. Depois de ficarem uma hora com o capacete, quatro de cada cinco pacientes relataram sentir um estado de transe, com uma sensação de deslocamento para fora do corpo. A maioria dessas pessoas tinha uma predisposição à fé, mas, mesmo assim, o aparelho conseguiu simular experiências religiosas em laboratório. Ou seja, com ele não é preciso rezar para sentir os mesmos efeitos benéficos descritos na reportagem. Da mesma forma que não é preciso seguir uma religião para ter esses benefícios.

Como trabalhar sua fé


Que fique claro, fé e religião são coisas diferentes. A religião é uma maneira institucionalizada para se praticar a fé, por meio de regras específicas e dogmas. Já a fé é algo pessoal, ligado à espiritualidade, à busca para compreender as respostas a grandes questões sobre a vida, o Universo e tudo mais. Isso pode ou não levar a rituais religiosos. Você pode buscar essas respostas pulando sete ondinhas, acendendo velas, consultando o horóscopo da Susan Miller, pregando faixas de Santo Expedito ou investigando quilos de livros de física quântica. Cada um tem seu jeito próprio.

Vale até ficar louco de cogumelo. Foi o que Roland Griffiths, professor da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, propôs. Sua equipe deu a 36 voluntários cápsulas com altas doses de psilocibina, substância presente em cogumelos alucinógenos. O grupo deitou em sofás com olhos vendados ao som de música clássica. Depois de uma sessão de seis horas, passado o efeito, a maioria relatou ter experimentado uma forte conexão com os outros, um sentimento de união, amor e paz. Até aí, parecia papo de doidão. Mas o professor voltou a falar com os voluntários um ano depois. Eles disseram que se sentiam diferentes. A experiência os tornou pessoas melhores, o que foi confirmado pelas famílias deles. "Se a psilocibina pode causar sensações místicas idênticas àquelas que ocorrem naturalmente, isso prova que esse tipo de experiência é biologicamente normal", disse Griffiths no fórum de palestras TED. Mais que isso: talvez, drogas alucinógenas tenham benefícios.


Mesmo sem cogumelos alucinógenos ou um capacete de Deus, é possível atingir artificialmente as benesses da fé. Cientistas garantem que basta ter uma forte crença em algo - e nem precisa ser uma divindade ou força superior. Pode ser qualquer coisa realmente importante para a pessoa. "Se para os crentes é Deus, para os ateus pode ser família ou amigos", diz Michael Shermer, diretor da Sociedade Cética e autor do livro The Believing Brain ("o cérebro crente", sem edição no Brasil). "Teoricamente, um ateu pode ter uma poderosa experiência mística", endossa Andrew Newberg. O pai do gene de Deus, Dean Hamer, segue a mesma linha. "Algumas das pessoas mais espiritualizadas que conheço não acreditam em divindade nenhuma", escreveu no trabalho em que relatou a descoberta genética. Outra grande autoridade no assunto, o psicólogo Kenneth Pargament, do Instituto de Espiritualidade e Saúde do Centro Médico do Texas, sugere cultivar a espiritualidade exercitando o que ele chama de santificação ateísta. Significa dar a algo importante da vida um status sagrado, mesmo sem acreditar em Deus. A foto do seu filho quando bebê pode ser muito mais sagrada para você que a imagem de Santo Antônio, por exemplo.

Não se trata de banalizar a sacralização, mas o contrário: exercitar a fé dessa forma é uma postura antibanalização da vida, qualquer aspecto pode assumir um caráter divino. E esse hábito de sacralizar aspectos do cotidiano é capaz até de alterar nosso comportamento, segundo uma pesquisa que acompanhou recém-casados. Os casais que consideravam o casamento e o sexo sagrados estavam mais felizes - e transavam mais! No trabalho é a mesma história. Outro estudo, realizado no ano passado, avaliou 200 mães de família que haviam acabado de concluir uma pós-graduação. Apesar da dupla jornada, aquelas que encaravam a carreira como parte de algo maior (e não só a fonte de renda para pagar as contas do mês) se disseram muito mais felizes profissionalmente - e menos cansadas.

Em tese, portanto, é possível usufruir de benefícios semelhantes aos proporcionados pelas crenças divinas apenas focando as energias naquilo que faz bem a você. O psicólogo Elisha Goldstein, autor do best-seller The Now Effect ("o efeito 'agora'", sem edição no Brasil), desenvolveu um método que consiste em cultivar momentos sagrados. Primeiro, você escolhe objetos que trazem boas lembranças. Valem fotos de infância, o relógio do avô, uma carta de amor, o primeiro gibi. Todos os dias, preste atenção a esse amuleto por no mínimo cinco minutos. Deixe que os pensamentos invadam sua mente. Relaxe. Após três semanas, avalie suas emoções. Segundo Goldstein, os voluntários que participaram do experimento relataram sentimentos de gratidão, humildade e empatia. Isso porque eles se reconectaram àquilo que realmente importa. Consequentemente, se sentiram menos ansiosos e pessimistas e mais dispostos a ajudar quem precisa. Isso sem ter de orar ou meditar seguindo preceitos religiosos.


Esses benefícios dependem da intensidade da crença. Quem vai à igreja e fica jogando Candy Crush Saga no celular dificilmente vai usufruir das vantagens da fé. Newberg resolveu passar isso a limpo e pediu a um grupo de ateus que pensassem em Deus. Nenhuma mudança significativa ocorreu. Para eles, não fazia o menor sentido. Então, o melhor é se engajar em atividades em que você realmente acredita. Se seu negócio não é integrar uma igreja, o psicólogo Michael McCullough lembra que algumas ONGs têm regras de conduta e convivência semelhantes, reproduzindo os mesmos mecanismos das religiões que incentivam compaixão, autocontrole, senso de comunidade e comportamento ético.

Da mesma forma que é possível ter os benefícios da fé mesmo sem religião, há ocasiões em que ela faz mal - e nem precisamos entrar no mérito das guerras religiosas. Atribuir a Deus poderes milagrosos pode levar pacientes a abandonar tratamentos. Há também um outro componente preocupante. Em algumas pessoas, ocorre o que os especialistas chamam de conflito religioso, sentimento que leva a acreditar que a doença ou os sofrimentos são punição divina. Nesses casos, a religião tem um efeito desastroso. Um estudo publicado na revista científica americana Archives of Internal Medicine mostrou que esse conflito está associado a depressão, ansiedade e maior índice de mortalidade. Se fosse bom, fé cega não teria esse nome.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Conto Chinês: Os Doze Pratos

Um príncipe chinês, orgulhava-se de sua coleção de porcelana, de tão rara quão antiga procedência, constituída por doze pratos assinalados por grande beleza artística e decorativa.
Certo dia, o seu zelador, em momento infeliz, deixou que se quebrasse uma das peças. Tomando conhecimento do desastre e possuído pela fúria, o príncipe condenou à morte o dedicado servidor, que fora vítima de uma circunstância fortuita.

A notícia tomou conta do Império, e, ás vésperas da execução do desafortunado servidor, apresentou-se um sábio bastante idoso, que se comprometeu a devolver a ordem à coleção, se o servo fosse perdoado.

Emocionado, o príncipe reuniu sua corte e aceitou a oferenda do venerando ancião. Este solicitou que fossem colocados todos os pratos restantes sobre uma toalha de linho, bordada cuidadosamente, e os pedaços da preciosa porcelana fossem espalhados em volta do móvel.
Atendido na sua solicitação, o sábio acercou-se da mesa e, num gesto inesperado, puxou a toalha com as porcelanas preciosas, atirando-as bruscamente sobre o piso de mármore e arrebentando-as todas.

Ante o estupor que tomou conta do soberano e de sua corte, muito sereno, ele disse:
-- Aí estão, senhor, todos iguais conforme prometi. Agora podeis mandar matar-me. Desde que essas porcelanas valem mais do que as vidas, e considerando-se que sou idoso e já vivi além do que deveria, sacrifico-me em benefício dos que irão morrer no futuro, quando cada uma dessas peças for quebrada. Assim, com a minha existência, pretendo salvar doze vidas, já que elas, diante desses objetos nada valem.

Passado o choque, o príncipe, comovido, libertou o velho e o servo, compreendendo que nada há mais precioso do que a vida em si mesma.

terça-feira, 25 de março de 2014

Video Motivacional Quem Mexeu No Meu Queijo O Filme


Resenha Quem Mexeu No Meu Queijo?

SOBRE O AUTOR: Spencer Johnson é autor de livros vendidos no mundo todo. Juntamente com kenneth Blanchard é co-autor de O gerente-minuto™, um dos métodos de gerenciamento mais popular do mundo. Suas obras já venderam mais 11 milhões de livros em todo o mundo, em 26 línguas. Johnson é autor de vários best sellers, entre eles cinco livros da série Minutos; Sim ou Não. Escreveu também livros infantis tais como Value Tales™ e O presente precioso. Suas obras sempre estão na mídia, aparecendo como temas de reportagens na CNN, no USA Today, The Larry King Show, entre outros. 

SOBRE O LIVRO
 De fácil leitura e compreensão, QUEM MEXEU NO MEU QUEIJO? é uma parábola que retrata a vida, suas mudanças e os objetivos (queijos) que muitos buscam. O “LABIRINTO”, onde os personagens vivem a história, representa o local onde ocorrem as buscas incessantes pelos seus objetivos. Seja no emprego, na família ou mesmo nos relacionamentos pessoais. É uma analogia ao cotidiano do ser humano, sujeito a mudanças inesperadas. 

OS PERSONAGENS
 
O autor utiliza-se de quatro personagens: Os ratos Sniff e Scurry, e os duendes Hem e Haw para retratar as diversas características do ser humano. Seu lado simples e complexo. Em alguns momentos o homem pode agir como Sniff, aquele que percebe rápido as mudanças. Ou então, como Scurry, que sai em atividade, é mais pró-ativo. Ou Hem, um dos duendes, que não aceita as mudanças, resistindo a elas. Ele acredita que algo pior pode acontecer. E finalmente Haw, o outro duende: Adapta-se em tempo a nova realidade e acredita que as mudanças podem levar a algo melhor. 

IDÉIAS INICIAIS
 
Os quatro personagens acima descritos vivem um desafio em busca de seus queijos. O queijo, representado no livro como sendo aquilo que se gostaria de ter, é o objetivo principal da busca dos personagens: Emprego, dinheiro, saúde e até um bom relacionamento amoroso. O labirinto representa o lugar onde essa busca acontece. Seja na empresa onde se trabalha, na família ou então na comunidade em que está inserido, onde vive. Cheio de corredores e divisões, o labirinto tem em alguns lugares, queijos deliciosos. Porém em outros, corredores escuros e até becos sem saída. Os personagens viviam correndo atrás de queijo para se alimentarem e ficarem felizes. Aqueles que encontravam o caminho eram premiados com uma vida mais tranqüila. “A vida não é um corredor reto e tranqüilo que nós percorremos livres e sem empecilhos, mas um labirinto de passagens, pelas quais nós devemos procurar nosso caminho, perdidos e confusos, de vez em quando presos em um beco sem saída”. 

A HISTÓRIA
 
Parte 1: Todos os dias, ratos e duendes saiam pelo labirinto em busca de queijo. Os ratos, Sniff e Scurry, saiam procurando de um corredor para outro. Se não encontravam num, logo iam para outro. Lembravam dos locais que já haviam passado e que não tinham conseguido nenhum queijo e logo iam para outro lugar. Sniff, usando seu faro aguçado, farejava a direção, Scurry por sua vez, saía na frente. Apesar de se perderem e até acabarem batendo nas paredes, logo achavam o caminho. Após algumas buscas, finalmente todos eles encontram, em um local dos corredores do labirinto, denominado de “Posto C”, o queijo que cada um procurava. Ambos já não se preocupavam mais, já tinham o que buscavam. Todos os dias eles acordavam e se dirigiam para o Posto C para se alimentarem. Sniff e Scurry mantinham a mesma rotina, acordavam cedo todos os dias e seguiam o mesmo caminho do labirinto. 

Porém Hem e Haw passaram a estabelecer uma outra rotina. Como já sabiam onde estava o queijo e qual seria o caminho que deveriam seguir, passaram a acordar um pouco mais tarde. Arrumavam-se sem muita pressa e seguiam para o Posto C. Hem e Haw sentiam-se felizes com a nova situação. Achavam-se os donos do queijo, embora nem soubessem quem o havia colocado ali. Como havia muito queijo, chegaram inclusive a mudar-se para próximo do Posto C. Sniff e Scurry seguiam em suas rotinas normalmente, acordando cedo todos os dias. Chegavam ao Posto C, e antes de se alimentarem, cheiravam o queijo e faziam uma vistoria no posto para ver se havia ocorrido alguma mudança em relação ao dia anterior. 

Parte 2: Um belo dia, ao chegarem no Posto C, Sniff e Scurry descobrem que o queijo havia sumido. Eles não se surpreendem, pois já algum tempo percebiam que o estoque de queijo estava acabando e já estavam preparados para o que pudesse vir a acontecer. Por instinto e sem complicar muito, eles percebem que a situação no Posto C havia mudado, logo eles também teriam que mudar. Sniff fareja para outras direções do labirinto e sinaliza para Scurry que logo em seguida sai correndo pelo labirinto. Sniff o segue e ambos partem em busca de um novo queijo. Hem e Haw, que geralmente chegavam mais tarde no Posto, levam um susto ao perceberem que o queijo que os alimentava todos os dias não estava mais no lugar onde durante um bom tempo tinha estado. Ao contrário de Sniff e Scurry, Hem e Haw não tinham percebido as pequenas mudanças que estavam ocorrendo no dia-a-dia. Eles acreditavam que ao chegarem no Posto C o queijo estaria esperando por eles. Inconformado, Hem passa a gritar: Não há queijo? QUEM MEXEU NO MEU QUEIJO? Haw também não estava preparado para o que estava acontecendo. Ele também achava que o queijo estaria no Posto C. Para ambos, o queijo era muito importante. Eles ficaram durante um bom tempo, pensando no queijo que havia sumido, esperando que alguém o colocasse de volta no mesmo lugar. 

Enquanto Hem e Haw ficavam indecisos, esperando para decidir o que fazer, já que suas realidades tinham mudado, Sniff e Scurry seguiam rapidamente adiante em busca de um novo queijo. E lá ficaram os duendes, pensativos e sofrendo com a perda do queijo. Haw, inclusive havia feito planos para o futuro, confiando no queijo do Posto C. Cansados e com fome, voltam para casa. No dia seguinte voltam ao Posto com esperança de encontrarem o queijo, como que de repente alguém o tivesse colocado de volta. Mas nada havia mudado, o queijo realmente havia desaparecido. Haw cai em si e questiona a falta de Sniff e Scurry: Onde eles poderiam estar? O que poderiam eles, dois ratos, saberem o que dois duendes não o poderiam? E ficaram, discutindo e comparando suas capacidades em relação às capacidades de Sniff e Scurry. Estes, que já estavam longe a procura de outro queijo. Durante algum tempo Sniff e Scurry procuraram em vários corredores, inclusive em lugares onde nunca haviam entrado antes. 

De repente, chegam ao Posto N de Queijo e se deparam com o maior estoque de queijo que já haviam encontrado. Enquanto isso, no Posto C, Hem e Haw ainda não haviam se decidido. Haw ficava imaginando seus amigos Sniff e Scurry saboreando um novo queijo que haviam encontrado. E ele também se imaginando, saindo pelo labirinto em busca de um novo queijo. Este sentimento desperta em Haw uma vontade de sair pelo labirinto, porém Hem, demonstra-se desanimado, acomodado e com medo do que poderia encontrar lá fora. Então Haw, pensando que, se seus amigos ratos podem, ele também pode. Em seguida ele parte sozinho pelo labirinto em busca de um novo queijo. Ele começou a se desprender de seus medos e a acreditar mais. Finalmente Haw encontra o que tanto procurava, porém se surpreende ao encontrar seus amigos ratos que lá também estavam. Já haviam encontrado o queijo algum tempo. E Haw fica a pensar em seu amigo Hem: Será que ele havia mudado de idéia e entrado no labirinto? 

O livro QUEM MEXEU NO MEU QUEIJO? é recomendável para a leitura, tanto para estudantes, bem como para profissionais das mais variadas áreas, entre outros. A mensagem do texto apresenta as mudanças as quais todos estão sujeitos, e que devemos estar preparados para elas. Não se deve acomodar diante das situações.


Em breve vou publicar o vídeo!

Águia ou Galinha?



         Um certo homem, enquanto caminhava por uma floresta, encontrou um filhote de águia, machucado e desprotegido. Levou-o para casa, colocou no se galinheiro, onde ele cresceu e aprendeu a se alimentar como as galinhas e a se comportar como elas.
         Um dia, um biólogo que ia passando por ali, perguntou-lhe porque uma águia, a rainha de todos os pássaros, deveria ser condenada a viver no galinheiro como as galinhas.
         -“Depois que lhe dei comida de galinha e a eduquei para ser para ser uma galinha, ela nunca aprendeu a voar – replicou o dono. – Comparta-se como uma galinha, portanto não é mais uma águia”.
         -“Mas – insistiu o biólogo – ela tem coração de águia e certamente poderá a voar”.
         Depois de falar muito sobre o assunto, os dois homens concordaram em tentar mudar o comportamento da águia. Cuidadosamente, o cientista pegou a águia nos braços e disse:
         -“Você pertence aos céus e não à terra. Bata bem as asas e voe!”
         A águia, entretanto, estava confusa; não sabia quem era e, vendo as galinhas comendo, pulou para ir juntar-se a elas. Inconformado, o biólogo levou a águia no dia seguinte para uma alta montanha. Lá, segurou a rainha dos pássaros bem no alto e encorajou-a de novo, dizendo:

Você é uma águia. Você pertence ao céu e à terra.
Bata bem as asas, agora, e voe!

A águia olhou em torno, olhou para o galinheiro e para o céu. Ainda não voou. Então o cientista levantou-a na direção do sol e a águia começou a tremer e, lentamente, abriu as asas. Finalmente, levantou vôo para o céu.
         Pode ser que a águia ainda se lembre das galinhas, com saudades; pode ser que ainda, ocasionalmente, torne a visitar o galinheiro. Mas até onde foi possível saber, nunca mais voltou a viver como galinha. Ela era uma águia embora tivesse sido mantida e domesticada como galinha.
         Será que, sendo águias muitas vezes não estamos vivendo entre galinhas e agindo como galinhas?

A ação de mudar é nossa.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Os grandes enjeitados - Euclides da Cunha

Servis!... dançai, folgai - na régia bacanália... 
Quadro-voz essa luz que nos raios espalha 
A treva e o crime atrai!...
Valsai - nesse delírio atroz, brutal que assombra - 
Folgai... a grande Luz espia-vos na sombra! 
Folgai, cantai - valsai!...
Que vos importa - ó vis, caricatos atletas - 
Se o povo dorme nu - nas lôbregas sarjetas - 
Entre o pântano e os Céus!....
Q'importa se essa luz - faz as noites da História! 
Q'importa se os heróis 'stão entre a lama e a Glória 
Entre a miséria e Deus!...
Q'importa-vos a dor; - a lágrima brilhante 
Do seio dos heróis -, estrela palpitante 
Que ao céu do porvir vai...
Q'importa-vos a honra, a consciência, a crença, 
A justiça, o dever!?... ah! vossa febre é imensa! - 
Folga, folgai, folgai!...
Q'importa-vos a Pátria...a pátria - é-vos um nome!.... 
Q'importa-vos o povo - esse galé da fome - 
Ó cortesãos, ó rei!?
Se o olhar das barregãs, de amor e febre aceso 
Vos ferve dentro d'alma - e se o direito é preso 
Nessa grilheta - Lei!
Fazeis bem em rir - ó pequeninos seres... 
O crime, o vício e o mal são os vossos deveres - 
Avante pois - gozai...
Atufai-vos - rolai ó almas guarida - 
No abismo fundo e frio - o seio da perdida!... 
- Cantai... cantai, cantai!...
Gritai com força! assim... não percebeis agora 
O eco de vossa voz?... - de vossa voz sonora - 
Tremer na vastidão!?
Não ouvis as canções que o seu frêmito espalha?... 
Ele desce de Deus - ó dourada canalha - 
Ele é – Revolução!…

 Euclides Rodrigues da Cunha (Cantagalo, Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 1866 - Rio de Janeiro, 15 de agosto de 1909) - Além de muito conhecido pela prosa, Euclides também foi poeta, jornalista, geógrafo e engenheiro. Escreveu o notório Os Sertões - Campanha de Canudos e diversos artigos publicados nos jornais que trabalhou ao longo de sua vida.

Você Pode 'Tentar' ou Você Pode 'Fazer'

Por Reg Connolly

Você conhece a situação - você se encontrou casualmente com um antigo conhecido, conversam um pouco desajeitados sobre o que aconteceu desde a última vez que se viram, e ao se separarem, cada um tomando o seu caminho, um dos dois diz: "Vamos tentar nos encontrar para bater um papo."
Ou você pede para alguém fazer um favor e ele responde: "Certo, vou tentar fazer."
Quando usamos o "tentar"
Se eu fosse pedir para você: "Tente tocar a ponta do seu nariz com o dedo indicador", é provável que você ache estranho esse pedido, desde que não tenha nenhum problema físico. É fácil fazê-lo, não há nenhuma chance de fracasso, então por que eu usei o "tentar"?
No entanto, seria diferente se eu lhe pedisse: "Tente tocar o teto com o seu cotovelo" porque aqui a palavra "tentar" se encaixa – visto que não há certeza de que você possa tocar o teto - a maioria é alta.
O que podemos concluir a partir desses exemplos? Que só usamos a palavra TENTAR quando esperamos ou supomos um fracasso!
"Vou tentar fazer isso" significa "eu não vou lhe dizer que não posso ou que não vou fazer – mas não prenda a sua respiração!"
"Devemos tentar nos encontrar algum dia" significa algo como "achei que tinha me livrado de você – agora espero realmente nunca mais lhe ver!"
Mas isso é apenas uma figura de linguagem
Talvez. Mas figuras de linguagem, muitas vezes, dão fortes pistas do que está acontecendo sob a superfície. Elas podem ser uma forma de vazamento de emoções encobertas. Especialmente se você ouvi-las com atenção e tomá-las literalmente.
Palavras como "tentar" indicam o que realmente estamos pensando – e que, talvez, não queremos admitir nem para nós mesmos.
As palavras que você usa subvocalmente em seu diálogo interno afetam o seu estado de espírito. E as palavras que você usa em voz alta afetam tanto o seu próprio estado de espírito como o das outras pessoas.
"Tentar" cria dúvida - em sua própria mente e na mente dos outros - e sugere que é improvável que você seja bem-sucedido.
Substitua "tentar" por "querer"
Use por um tempo e decida por si mesmo se existe diferença no modo como você se sente e como as pessoas respondem para você.
Em vez de:
"Eu tenho que tentar e começar a me exercitar."
"Eu vou tentar parar de fumar."
"Eu vou tentar comer de forma mais saudável."
"Eu vou tentar ser mais gentil com as pessoas."
use "eu quero começar a... etc."
E se eu não tiver certeza de que serei bem-sucedido?
Está certo. Você não tem que ter certeza que vai ter sucesso antes de começar alguma coisa. Tudo bem se você tentar fazer e não obtiver sucesso.
"Tentar" é muitas vezes uma maneira de nos garantirmos contra os sentimentos negativos que associamos com o fracasso... "Afinal de contas, eu não disse que ia fazer - eu só disse que ia tentar!"
Tome a decisão de que está tudo bem se você não conseguir tudo o tempo todo e vai se sentir muito melhor dizendo "eu quero fazer..."
Cláusula de escape
O outro lado dessa moeda "tentar" é que, se você não disser "eu quero fazer...", você não estará totalmente empenhado em fazê-lo. Talvez você realmente não queira fazer isso. Talvez seja um pouco assustador e você realmente não acredita que possa fazê-lo.
De qualquer maneira você estará dando a si mesmo uma cláusula de escape – só para garantir.
Comprometer-se totalmente
Comprometa-se totalmente - ou nem se incomode. Se você não se comprometer totalmente provavelmente estará se enganando a si mesmo - ou procurando alguém para bode expiatório.
Você estará fingindo para si mesmo de que vai dar o seu melhor, quando, na verdade, estará se preparando para falhar, com uma desculpa pronta com antecedência para o fracasso.
Quando você se compromete totalmente, estará se armando com a crença de que terá sucesso - faça isso e já estará com meio caminho andado antes mesmo de começar.

Reg Connolly é Trainer e Master Practitioner de PNL, treinador de administração e de vendas.

Artigo publicado sob o título "You can either 'try' or you can 'do'" no site The Pegasus NLP Training.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Desânimo, Um Inimigo Oculto

O desânimo é inimigo sutil do ser humano. 

Instala-se a pouco e pouco, terminando por vencer as resistências morais, que se sentem desestimuladas por falta de suporte emocional para a luta. 

São várias as causas do desânimo. 

Pode ser resultante de uma enfermidade orgânica, que gera perda de energia, por conseqüência, de entusiasmo pela vida. 

Pode resultar de estresse decorrente de agitação ou de tensões continuadas. 

Também por frustrações profundas, que deixam n’alma um grande vazio. 

Contudo, seja qual for a causa, o importante é não se deixar envolver pelo desânimo, desalentador e destruidor de vidas. 

Se a causa é a enfermidade, o estresse ou a frustração, há que se buscar a terapia conveniente. 

Por vezes, um pequeno estímulo, um alento é suficiente para se sair de um estado de desânimo para o de entusiasmo. 

Um ilustre juiz contou certa vez um episódio que transformou toda a sua vida. 

Aos 16 anos de idade, viu-se obrigado a deixar a escola e a se empregar como varredor numa fábrica. 

Quando veio a crise econômica da década de 1930, numa tarde cinzenta, na véspera de natal, ele foi despedido, junto com centenas de outros empregados. 

Quando saiu para a rua, ao final do turno de trabalho, foi seguindo no meio de uma fila silenciosa e sombria de operários. 

Embora adolescente, ele se sentia envelhecido num mundo sem esperanças. 

À sua frente, caminhava um homem magro e mal vestido. 

Aquele homem também fora despedido. 

Mas ia assobiando pelo caminho. 

O rapaz se aproximou dele e perguntou: o que você vai fazer agora? 

E o desconhecido respondeu com naturalidade: acho que vou para a África. 

Lá, rapaz, as estrelas sobre o deserto são do tamanho de ameixas. 

Ou talvez eu vá para o Rio de Janeiro. 

As luzes ali sobem sem parar da praia até o céu. 

O mundo é bem grande, rapaz, e o que há nele dá de sobra para fazer qualquer homem feliz, desde que não tenha medo de ir aonde a cabeça e o coração o levarem. 

Para o adolescente, aquelas palavras tiveram um grande efeito. 

Foi como se tivesse sido aberta uma janela na parede de uma prisão e ele pudesse ver através de milhões de quilômetros. 

Foi para casa com a cabeça cheia de planos. 

Se aquele homem, bem mais maduro do que ele, tinha forças para tecer planos para o futuro, ele, adolescente, deveria ter muito mais. 

E, pensando assim, na semana seguinte não somente conseguiu encontrar um meio de se manter, como se matriculou numa escola noturna, perseguindo o seu sonho que viria se tornar realidade: formar-se em direito e seguir a carreira da magistratura. 

Ser um juiz. 

Nunca será demais insistir que a oração é arma poderosa para o combate ao desânimo. 

Ela favorece a canalização de energias superiores que vertem da divindade em direção ao indivíduo que se encontra em atitude receptiva. 

Com a prece, você se sentirá momentos de bem-estar e euforia. 

São momentos rápidos, mas que pela constância, vão se fixando em você, até se tornarem habituais, preenchendo o vazio interior. 

O hábito da oração sincera restitui a alegria de viver, oferecendo ao ser metas saudáveis e renovadoras, que o enriquecem de paz interior.


O Elder Bruce R McConkie ensinou: "sem oração não há salvação"