Eu
tinha dezoito anos, ia começar a faculdade e estava dura. Para arrumar
algum dinheiro, percorri uma rua tranqüila de casas antigas, vendendo
livros de porta em porta. Ao me aproximar de um portão, uma mulher alta e
vistosa, na faixa dos oitenta anos, saiu de casa vestida com seu roupão
de banho e aproximou-se sorrindo.
-Você chegou, querida! Estava esperando! Deus me disse que você viria hoje.
A Sra. Link precisava de ajuda em sua casa e em seu
jardim, e estava convencida de que eu tinha sido enviada para ajudá-la.
Quem era eu para discutir com Deus?
No dia seguinte, trabalhei durante seis horas
seguidas, mas do que jamais havia trabalhado antes. A Sra. Link me
mostrou como plantar bulbos, que flores e ervas daninhas eu devia
arrancar e onde jogar fora as plantas murchas. Terminei o dia aparando a
grama com um cortador que parecia uma antigüidade. Quando terminei, a
Sra. Link me cumprimentou pelo trabalho e verificou a lâmina debaixo do
cortador.
-Parece que você acertou uma pedra. Vou buscar a lixa.
Logo descobri porque tudo o que pertencia à Sra. Link
funcionava como se fosse novo. Ela era extremamente cuidadosa. Depois
de consertar o cortador, ela foi buscar sua bolsa. Por seis horas de
serviço, me pagou apenas três dólares. E com cheque! Deus é engraçado
algumas vezes, não é?
Na semana seguinte, voltei à casa da Sra. Link. Ela
me mostrou exatamente como limpar o antiqüíssimo tapete persa com um
aspirador igualmente antigo. Enquanto eu tirava o pó de seus bolos
tesouros, ela me contava onde tinha comprado cada objeto. A Sra. Link
viajara o mundo todo e adorava contar histórias. Para o almoço, ela
refogou legumes frescos de seu jardim. Tivemos uma refeição deliciosa e
um lindo dia.
Às vezes, eu fazia papel de motorista. O último
presente do Sr. Link tinha sido um fantástico carro novo. Quando eu o
conheci, o carro tinha trinta anos, mas ainda era fantástico. Ela nunca
pudera Ter filhos, mas sua irmã e seus sobrinhos moravam ali perto. Os
vizinhos também gostavam dela. E a Sra. Link participava ativamente das
questões comunitárias.
Um ano e meio se passou. Os estudos, o trabalho e a
igreja ocupavam mais tempo da minha vida e eu via a Sra. Link cada vez
menos. Encontrei outra garota para ajudá-la.
O Natal se aproximava e, como eu era pouco expansiva e
estava sem dinheiro, a lista de pessoas para quem mandaria cartões era
curta. Mamãe deu uma olhada nos nomes e disse:
-Você deveria mandar um cartão para a Sra. Link.
Incrédula, perguntei:
-Por quê? A Sra. Link tem muitos parentes, amigos e
vizinhos. Ela é ativa na comunidade. Eu nem tenho me encontrado com ela
nos últimos meses. Por que a Sra. Link iria querer que eu lhe enviasse
um cartão?
Mamãe não se deu por vencida:
-Mande um cartão para a Sra. Link – insistiu.
No Natal, meio sem graça, dei à Sra. Link um pequeno buquê, que ela aceitou graciosamente.
Algum tempo depois, tornei a visitar a Sra. Link. No
meio do console da lareira, na sua sala de estar cheia de coisas
bonitas, estava meu buquê murcho – o único presente de Natal que a Sra.
Link recebera naquele ano.
Susan Daniels Adams
Jack Canfield & Mark Victor Hansen & Kimberly Kirberger Sextante
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