quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Inveja, eu?



Quem nunca fez ou foi vítima de fofoca no trabalho que atire a primeira pedra! E saiba que a fofoca é uma das máscaras da inveja.

Convivemos há tantos anos com a inveja que não conseguimos detectá-la e chegamos a nos iludir de que não sofremos desse mal. Entretanto, a inveja nos acompanha desde o nascimento, mas começa a tomar uma proporção maior na idade escolar.

Segundo o dicionário Aurélio, inveja é o "desgosto ou pesar pelo bem ou felicidade de outrem. Desejo violento de possuir o bem alheio". Portanto, a inveja só pode ocorrer na comparação do eu com o outro.


É por isso que o ambiente competitivo é favorável ao desenvolvimento da inveja. Na escola, além de ler e escrever, aprendemos a competir pela melhor nota, pelo melhor desempenho e, mais tarde, no ambiente de trabalho, pelo melhor salário, melhor carro, melhor casa etc. O mundo competitivo alimenta a inveja e nem sempre prepara o homem para a vida.


A inveja traz sentimentos negativos de inferioridade e baixa autoestima. Ao nos compararmos o tempo todo com o que está fora, perdemos a referência das características positivas que temos.

Como o invejoso não pode ter o que é do outro, ele destrói o que é do outro através de pensamentos, palavras e ações. Exemplo, "fulano é rico, mas é feio!". "Ciclano é inteligente, mas é pobre". "Fulano tem um carrão, mas está cheio de dívidas". O invejoso se vangloria com elogios falsos para compensar o mal estar, e está sempre menosprezando, falando mal e criticando aqueles que inveja.

Outro exemplo de mecanismo é a pessoa que inveja a calma e a inteligência de outrem. Ela ataca o outro até que o "tira do sério". Desta forma, ela consegue tirar a calma do outro e faz com que o outro tenha comportamento nada inteligente.


A inveja também pode afetar os comportamentos sociais, como a afirmação "eu não vou à festa porque só tem gente metida lá, e eu odeio gente metida!". O que está por detrás da aversão à festa é o medo de ser desmascarado. Então, justifica o medo da exposição desvalorizando o evento social e as pessoas que lá estão.


A inveja possui diversas máscaras. Veja alguns exemplos de como a inveja se manifesta no ambiente de trabalho:

Máscara da FOFOCA: o fofoqueiro, ao invés de se esforçar para crescer e progredir, prefere denegrir os outros para compensar a sua índole e ociosidade.

Máscara da LAMENTAÇÃO: percebe-se como "o azarado", sente que nunca é reconhecido pelo trabalho. Uma fala muito comum do lamentador é a comparação, "Você viu o Pedrinho, como tem regalias aqui? Ele entrou aqui há poucos meses e já é coordenador! E eu? Que estou aqui há mais de cinco anos não consegui nada até agora".

Máscara da HIPOCRISIA: apresenta-se sorridente e afetuoso, com palavras amáveis, entretanto, desencoraja o crescimento alheio. Exemplo, "se eu fosse você, eu não correria o risco de falar com o chefe sobre esse assunto. Eu mesmo já vi vários casos de pessoas que, quando foram falar sobre promoção, foram logo demitidas".


Máscara da PIEDADE: mostra-se manso e humilde, entretanto, menospreza o esforço alheio. "É, o coitado é novato mesmo, chega cheio de gás, cheio de vontade, mas a hora que ele perceber como as coisas funcionam aqui, quero ver para onde é que a alegria dele vai".

Máscara da MELANCOLIA: muito parecida com a máscara da lamentação, a diferença é que a melancolia cai mais para a baixa autoestima enquanto que a lamentação coloca a culpa na situação ou em outras pessoas. "Eu me sinto tão burro, sabe? Ele não, ele é tão extrovertido, tão simpático, tão animado, e eu... eu sou tão murcho...".

Máscara do COMPETITIVO: perceptível não apenas por meio das palavras, mas também por meio de comportamentos consumistas. A máxima - "Tem gente que gasta o que não tem, para comprar o que não precisa e mostrar para quem não gosta" - fala por si só!

Máscara do SENSATO: denigre a imagem alheia mostrando o quanto o outro é insensato. Exemplo.: "Se eu tivesse metade do que ele tem, eu estaria feliz!".


Como lidar com a própria inveja?
A única forma de combater a inveja é freando os impulsos comparativos, olhar para si mesmo e aceitar-se (gostar de si mesmo) como realmente é. Quando deixamos de nos comparar aos outros e passamos a nos observar, a autoestima tende a aumentar porque nos permitimos observar o quanto estamos melhorando em diversos aspectos.


O que fazer quando a inveja impera na equipe?
Tente retirar o mecanismo comparador do foco principal da pessoa em questão, trazendo para discussão o comportamento da própria pessoa. Mostre que a comparação não agrega em nada, não ajuda nem a equipe crescer e nem ela mesma.

Dê-lhe feedbacks. O invejoso é inseguro de si mesmo porque não se conhece. Olha tanto para o outro que perde a referência de si mesmo. Mostre a ele os pontos positivos e os pontos que ainda precisa melhorar.


Ajude-o a criar um ideal de vida. O melhor remédio contra a inveja é conhecer o sentido da própria existência e sentir prazer em coisas simples. Incentive-o a ir ao cinema, ao teatro, a ler livros inspiradores, poesias, romances etc.

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