domingo, 4 de maio de 2014

Cuidado com o Vício


Sempre admirei a tecnologia dentro e fora da vida profissional. Em todas as áreas do cotidiano ela tem a sua função. Como jornalista, assumo que a Comunicação se revolucionou por meio de laptops, de celulares e, recentemente, dos tablets. Por outro lado, percebo que muitas pessoas estão perdendo as habilidades de diálogo e o tradicional "jogo de cintura" para o atendimento a clientes, por exemplo, em virtude de alguns "vícios" disseminados na web. Minha afirmação não se resume apenas a conversas via telefone e balcão, mas a atendimentos por e-mail, cartas e anúncios de serviços e produtos.
Recentemente li mais de cem textos produzidos por um grupo de estudantes com idades variando de 16 a 18 anos. A minoria soube argumentar sobre alguns assuntos, enquanto a maioria optou por respostas objetivas e distantes da proposta, com erros gramaticais assustadores. A receita para a inversão desse quadro é simples: leitura e diálogo. Quanto mais acesso a informação (de qualidade), mais condições de argumentação temos.
As redes sociais têm interligado amigos e familiares com mensagens em tempo real. Tive a curiosidade de visitar alguns posts e confesso que fiquei espantado com tanta informação desnecessária divulgada pelos usuários. Em alguns casos os erros de Português são gravíssimos. Mas preste atenção: em momento algum estou sugerindo que você bloqueie seu perfil e se isole em uma ilha para o resto da vida. Meu pedido é que façamos o uso inteligente da tecnologia, não deixando de lado os bons princípios da Comunicação, principalmente a escrita correta.
A produção de textos faz parte do Processo de Recrutamento da maioria das empresas no Brasil e no exterior. O relacionamento com os colegas de trabalho e clientes exige diálogo, e, por esse motivo, o poder da argumentação (seguida de uma boa redação) é requisito básico e obrigatório. Partindo do princípio de "Seu nome é sua marca", sugiro que invista tempo e recursos na qualidade de sua escrita. As empresas observam isso e os clientes também. E mais: consultas a Facebook, Orkut, Twiter etc... também são fonte de informação para recrutadores.
Admiro livrarias que fazem do espaço de vendas um canto agradável para aqueles que prefiram tomar um café e admirar os lançamentos ou os clássicos da literatura nacional e internacional. Há quem diga que a semente para uma boa escrita começa na infância; concordo plenamente.
Os primeiros passos para o desenvolvimento da habilidade com as palavras (falada e escrita) devem ser reforçados ainda na educação básica. Muito se discute sobre o futuro dos estudantes da atual geração brasileira, mas sou da seguinte opinião: mesmo em um cenário inóspito, sob a sombra de uma árvore, a pessoa que quer se debruçar no mundo da informação e da literatura é capaz de atingir esse objetivo. Tomarei a liberdade para oferecer um testemunho próprio: minha infância não foi cercada pela tecnologia, pelo contrário, apenas brinquedos de madeira e plástico e tarefas escolares. Na sala de estar havia uma estante repleta de livros das mais diversas épocas.
Em certo dia, curioso para entender o que cada material oferecia, comecei a ler um após o outro. Minha mãe sempre me alertava, pois, em alguns casos, eu tinha o costume de fazer as leituras em voz alta. Aqueles antigos livros foram responsáveis pela minha primeira fase de profissionalização da escrita e interpretação dos fatos.
Abra o guia telefônico (para aqueles que preferem a versão impressa) ou consulte uma listagem de empresas na internet, por exemplo. Veja quantos segmentos existem. Saiba que em cada uma delas o atendimento é cartão de visita. Isso resulta em falar corretamente e, sem sombra de dúvidas, na prática de uma escrita que siga os padrões ortográficos e gramaticais de forma correta. Por experiência própria afirmo que é muito desagradável receber retornos por e-mail onde a língua portuguesa é negligenciada de várias formas.
É por esse e outros motivos que defendo a produção textual como item obrigatório do check list de recrutamento, especialmente para cargos que demandem contato com clientes internos e externos por meio de mensagens eletrônicas, redes sociais e telefone, seja qual for a empresa. Seguindo a linha de que vivemos para somar com os demais, na minha humilde opinião creio ser essa uma das responsabilidades como gestor.
Para encerrar digo que recentemente uma pessoa disse: "Facebook é para escrevermos errado". Imediatamente levantei o escudo de defesa do bom senso e expliquei que, lamentavelmente, essa afirmação não se enquadrava na realidade atual dos profissionais que sabem que escrita está associada à seriedade. Pense nisso!

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