Como cidadão
brasileiro, ciente de minhas obrigações e de meus direitos. Ainda tenho a
liberdade de dizer o que penso, de me indignar, mesmo que isso contrarie a muitos.
Pois estou farto dessa mistificação com que encobrem descaradamente
a realidade brasileira. Estou farto desses discursos demagógicos, dessas
pesquisas que não condizem com a verdade que vivenciamos no dia a dia, farto de
estatísticas que colocam falsamente a minha Pátria num patamar fictício como
se, realmente, ela estivesse crescendo.
Sinceramente, a cada vez que me deparo com a realidade, mais
me convenço que não temos vontade, que não temos vergonha, que não temos
objetivos claros, que somos um povo desprovido de capacidade de agir, com uma
visão deturpada pelo egoísmo, voltado cada qual exclusivamente para os seus
problemas, engajados numa luta para ter mais, usando de todos os vícios para
justificar ações fraudulentas, culpando uns aos outros sem assumir sua culpa
pelo que acontece ao seu redor.
Ora, meus queridos compatriotas ( também estou farto do
termo "companheiro" porque tenho a sensação de que esse vocábulo,
independente de seu real significado, serve mais para designar cada qual
que pertença a uma corja cujos ideais afrontam de maneira vil a sociedade como
um todo), não acredito que essa passividade egoísta, que parece dominar a
todos, esteja sendo aplaudido pelo que resta de bom senso que eu
"ainda" acredito haver dentro de nós mesmo.
Reclamamos, mas fazemos nada. Culpamos, mas não
assumimos nossa culpa. Julgamos o outro mas não permitimos que nos julguem,
exigimos respeito mas sequer respeitamos regras imprescindíveis para o bom
convívio, reclamamos da corrupção mas não enxergamos que nós somos responsáveis
pela sua existência, somos fracos e covardes quando, na gana de encobrirmos
nossas falhas, alegamos que o mundo inteiro esta assim. Perdemos, meus
compatriotas, a nossa vergonha, o nosso brio. Perdemos o elo com o cantado
"varonil" daqueles que ainda vislumbravam a brasilidade.
Estou farto de ligar os aparelhos de comunicação para saber
o que está acontecendo no mundo. E o que vejo? Desgraças contadas nos seus
detalhes mais sórdidos, crimes torpes sendo alardeados e verdadeiras aulas de
como executá-los (outra Universidade do Crime), repórteres policiais comprando
audiência com o escabroso, vangloriando-se do auto índice de audiência porque o
"maravilhoso povo brasileiro" gosta dessa sordidez", e ainda
sendo enaltecidos pelo seu compromisso em divulgar a "verdade". Não
percebem que, a cada relato ou milhões de repetições do relato, mais o povo vai
aceitando aquela barbárie como natural. Chora, esperneia, desmaia na primeira
vez que assiste, mas, na décima, vai até achar natural. Acostuma-se, incorpora
ao seu contexto de vida. Visão caótica que contribui para a aceitação tácita
dos fatos como se nada pudesse ter sido feito para evitar essa catástrofe.
É claríssimo que poderia ter sido evitada, com um mínimo de inteligência e
lógica, se houvesse apenas uma centelha de amor à Pátria. E por falar nisso,
até hoje não "entendi" porque as matérias de moral e civismo, estudo
de problemas brasileiros e similares foram retirados do currículo escolar. Não
entendi como é que uma sociedade aceitou sem reservas, esse fato. Será mesmo
que consideraram fundamentos de somenos relevância?
Também não "entendi" porque as nossas forças de
defesa da Pátria foram tão relegadas a segundo plano. Por que nossos jovens não
tem mais um espaço, aos dezoito anos para "servir à Pátria" numa
demonstração de amor, de civilidade? Lembro-me, com saudade, do tempo em que os
“meninos” iam para o “Tiro de Guerra” e, após um ano, “estavam” homens.
Perdão, acho que isso não seria tão importante nos dias de hoje. Demonstrar
ou treinar qual civilidade? Nossos jovens nem mais sabem o que é isso! Ainda
sem falar que, quando não assistimos as notícias da violência, estamos
sujeitos a programas explorando o sexo sem necessidade alguma ( mas
se não houver sexo não dá IBOPE ), filmes idem, ou então, desenhos
deseducativos. Ah! Bendita TV! Quanto poderia fazer em benefício do povo! Mas
alegam que produzem apenas o que o povo gosta de ver. Então, devo ser burro
mesmo! Sempre pensei que esse gosto fosse imposto, que o povo tivesse sido
levado a engolir. Mas é justamente o contrário?
Vejamos a Amazônia, a maior maravilha da natureza, a fonte
da continuidade da vida. Estamos aí, gritando que ela é nossa. Já faz muito
tempo que não é. O que temos de fazer agora é lutar para recuperá-la. Fico
aqui, pensando com meus botões, tentando "perceber" ( desculpem-me,
sou "lento demais" para entender as coisas) o "porquê de
chegarmos a estes extremos. Já ouviram falar nas "forças ocultas"?
Houve um tempo em que pensei que elas fossem mais uma expressão
fantasmagórica, usada para justificar falhas que não souberam evitar ou
consertar. Hoje, "desconfio" que não são fantasmas e até tem nome
próprio. Pior! Estão aí, sem mais a preocupação do oculto. Afinal, o brasileiro
é um povo tão tolerante!... Aceita tudo, é tão "pacífico"! Hoje
até usa como chavão o "rouba mas faz", "estupra mais não
mata", "relaxa e goza". Lá fora até fomos exaltados como um
povo que aceita a corrupção. Mas o que importa isso, não é? Estamos crescendo
tanto! Que mal poderia haver nessa "aceitação"? Os nossos pobres
estão comendo mais, tem escolas para os filhos, bolsas para tudo. Gente! Vejam
que maravilha! O Brasil está sendo cotado lá fora como o país que mais trabalha
para diminuir as diferenças sociais. E aí, novamente me pergunto:como é que se
opera este milagre? Vou além...O pobre, com uns míseros reais a mais no bolso,
vai sobreviver a uma doença? Se precisar de uma cirurgia para sobreviver, é
operado de pronto? Se precisar do remédio indispensável, encontra-o sempre? Não
vai mais morrer com uma bala perdida ou arrastado por veículos conduzidos pelos
"do mal" ou pelos "de menor" inimputáveis? Vai poder
circular pelas ruas sem a preocupação de ser assaltado? O bolsa-escola,
afinal, é usado para que os pobres tenham acesso ao conhecimento, à formação
esmerada, à cultura, ou é apenas mais uma camuflagem para diminuir
essa vergonha que é o índice de analfabetismo? O que adianta essa bolsa,
se o que é oferecido por ela é um ensino medíocre? E não venham dizer que isso é
invenção.
Faça um teste com seus
filhos, sobrinhos, vizinhos... Melhor ainda, com os menos favorecidos...
Se eles tiverem a sorte de não serem corrompidos pelos
grupos a que pertencem, se forem levados a ter "Interesse" para
conhecer sempre o máximo, se tiverem exemplos de que o saber é primordial para
o crescimento pessoal, que um diploma não vale apenas pelo papel timbrado e o
canudo, mas pelo aprendizado que ele proporciona, quem sabe suas cabeças
comecem a funcionar para o que é lógico, comecem, por si mesmo, a exigir o que
lhes é de direito: aprendizado de qualidade. Já que nós não percebemos essa
verdade, pelo menos devemos aos nossos jovens a oportunidade de poder perceber.
Agora nós temos a realidade e não podemos fugir dela. Do
jeito como andam as coisas, nossos profissionais serão cada vez piores. Depois,
como reclamar do médico que errou no diagnóstico, do advogado que nos permitiu
ser injustiçados, do técnico que não consegue encontrar solução para o problema
que se lhe apresenta, do caixa que erra na sua conta, do serviço que necessita
e que não encontra, do político que discursa sem conhecer o mínimo de sua
língua, de um governo que engana, de uma igreja que só pensa em lucros (vendem
até o seu lugar no céu)?...
Enfim, como exigir que um povo enxergue a verdade, que
dirija seu destino, que lute pelos seus ideais, pelos seus direitos, que possa
analisar com sabedoria os fatos sem se deixar levar pelas falsas verdades que
lhe são impostas?
Aqui, deixo para você pensar: qual o agente causador de
tamanha parafernália?
Para mim, se não começarmos a atacar o mal pela raiz, de
nada servirão essas ações todas. Nada se consegue se ficarmos apenas na
preocupação com as consequências, sem nada mudarmos na sua causa. E a causa é
única: falta-nos EDUCAÇÃO, falta-nos MORAL, falta-nos ÈTICA.
Um boa semana.
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