quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sabedoria Popular




JURAR DE PÉS JUNTOS:

Mãe, eu juro de pés juntos que não fui eu. A expressão surgiu através das torturas

executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de heresias tinha as mãos

e os pés amarrados (juntos) e era torturado pra dizer nada além da verdade. Até

hoje o termo é usado pra expressar a veracidade de algo que uma pessoa diz.

MOTORISTA BARBEIRO:

Nossa, que cara mais barbeiro!No século XIX, os barbeiros faziam não somente os

serviços de corte de cabelo e barba, mas também, tiravam dentes, cortavam calos,

etc, e por não serem profissionais, seus serviços mal feitos geravam marcas. A

partir daí, desde o século XV, todo serviço mal feito era atribuído ao barbeiro, pela

expressão “coisa de barbeiro”. Esse termo veio de Portugal, contudo a associação

de “motorista barbeiro”, ou seja, um mau motorista, é tipicamente brasileira..

TIRAR O CAVALO DA CHUVA:

Pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair hoje! No

século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo ao relento em

frente à casa do anfitrião e se fosse demorar, colocava o cavalo nos fundos da

casa, em um lugar protegido da chuva e do sol. Contudo, o convidado só poderia

pôr o animal protegido da chuva se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e

dissesse: “pode tirar o cavalo da chuva”. Depois disso, a expressão passou a

significar a desistência de alguma coisa.

À BEÇA:

O mesmo que abundantemente, com fartura, de maneira copiosa. A origem do dito

é atribuída às qualidades de argumentador do jurista alagoano Gumercindo Bessa,

advogado dos acreanos que não queriam que o Território do Acre fosse

incorporado ao Estado do Amazonas.

DAR COM OS BURROS N’ÁGUA:

A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que escoavam a

produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre

burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de

estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas,

onde os burros morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado pra

se referir a alguém que faz um grande esforço pra conseguir algum feito e não

consegue ter sucesso naquilo.

GUARDAR A SETE CHAVES:

No século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de jóias

e documentos importantes da corte através de um baú que possuía quatro

fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto funcionário do reino.

Portanto eram apenas quatro chaves. O número sete passou a ser utilizado devido

ao valor místico atribuído a ele, desde a época das religiões primitivas. A partir daí

começou-se a utilizar o termo “guardar a sete chaves” pra designar algo muito

bem guardado..

OK:

A expressão inglesa “OK” (okay), que é mundialmente conhecida pra significar

algo que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da Secessão, no EUA. Durante

a guerra, quando os soldados voltavam para as bases sem nenhuma morte entre a

tropa, escreviam numa placa “0 killed” (nenhum morto), expressando sua grande

satisfação, daí surgiu o termo “OK”.

ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS:

Existe uma história não comprovada, de que após trair Jesus, Judas enforcou-se

em uma árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro que ganhou por

entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os soldados viram que Judas estava

sem as botas, saíram em busca delas e do dinheiro da traição. Nunca ninguém

ficou sabendo se acharam as botas de Judas. A partir daí surgiu à expressão,

usada pra designar um lugar distante, desconhecido e inacessível.

PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA:

A história mais aceitável para explicar a origem do termo é proveniente das

tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados para Deus como forma de

redenção de pecados. Um filho do rei Absalão tinha grande apego a uma bezerra

que foi sacrificada. Assim, após o animal morrer, ele ficou se lamentando e

pensando na morte da bezerra. Após alguns meses o garoto morreu.

PARA INGLÊS VER:

A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o Brasil

aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No entanto, todos sabiam

que essas leis não seriam cumpridas, assim, essas leis eram criadas apenas “pra

inglês ver”. Daí surgiu o termo.

RASGAR SEDA:

A expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra pessoa,

surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos Martins Pena. Na peça,

um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão pra cortejar uma moça e

começa a elogiar exageradamente sua beleza, até que a moça percebe a intenção

do rapaz e diz: “Não rasgue a seda, que se esfiapa”.

O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER:

Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul

D`Argent fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel. Foi

um sucesso da medicina da época, menos pra Angel, que assim que passou a

enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele

imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O caso

foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou pra

história como o cego que não quis ver.

ANDA À TOA:

Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está à toa é

o que não tem leme nem rumo, indo pra onde o navio que o reboca determinar.

QUEM NÃO TEM CÃO, CAÇA COM GATO:

Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou. Inicialmente se

dizia quem não tem cão caça como gato, ou seja, se esgueirando, astutamente,

traiçoeiramente, como fazem os gatos.

DA PÁ VIRADA:

A origem do ditado é em relação ao instrumento, a pá. Quando a pá está virada pra

baixo, voltada pro solo, está inútil, abandonada decorrentemente pelo Homem

vagabundo, irresponsável, parasita.

NHENHENHÉM:

Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os

indìgenas não entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses

ficavam a dizer “nhen-nhen-nhen”.

VAI TOMAR BANHO:

Em “Casa Grande & Senzala”, Gilberto Freyre analisa os hábitos de higiene dos índios

versus os do colonizador português. Depois das Cruzadas, como corolário dos contatos

comerciais, o europeu se contagiou de sífilis e de outras doenças transmissíveis e

desenvolveu medo ao banho e horror à nudez, o que muito agradou à Igreja. Ora, o índio

não conhecia a sífilis e se lavava da cabeça aos pés nos banhos de rio, além de usar

folhas de árvore pra limpar os bebês e lavar no rio as redes nas quais dormiam. Ora, o

cheiro exalado pelo corpo dos portugueses, abafado em roupas que não eram trocadas

com freqüência e raramente lavadas, aliado à falta de banho, causava repugnância aos

índios. Então os índios, quando estavam fartos de receber ordens dos portugueses,

mandavam que fossem “tomar banho”.

ELES QUE SÃO BRANCOS QUE SE ENTENDAM:

Esta foi das primeiras punições impostas aos racistas, ainda no século XVIII. Um mulato,

capitão de regimento, teve uma discussão com um de seus comandados e queixou-se a

seu superior, um oficial português.. O capitão reivindicava a punição do soldado que o

desrespeitara. Como resposta, ouviu do português a seguinte frase: “Vocês que são

pardos, que se entendam”. O oficial ficou indignado e recorreu à instância superior, na

pessoa de dom Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12° vice-rei do Brasil. Ao tomar

conhecimento dos fatos, dom Luís mandou prender o oficial português que estranhou a

atitude do vice-rei. Mas, dom Luís se explicou: Nós somos brancos, cá nos entendemos.

A DAR COM O PAU:

O substantivo “pau” figura em várias expressões brasileiras. Esta expressão teve origem

nos navios negreiros. Os negros capturados preferiam morrer durante a travessia e, pra

isso, deixavam de comer. Então, criou-se o “pau de comer” que era atravessado na boca

dos escravos e os marinheiros jogavam sapa e angu pro estômago dos infelizes, a dar

com o pau. O povo incorporou a expressão.

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA:

Um de seus primeiros registros literário foi feito pelo escritor latino Ovídio (43 a.C.-18 d.C),

autor de célebres livros como “A arte de amar “e “Metamorfoses”, que foi exilado sem que

soubesse o motivo. Escreveu o poeta: “A água mole cava a pedra dura”. É tradição das

culturas dos países em que a escrita não é muito difundida formar rimas nesse tipo de

frase pra que sua memorização seja facilitada. Foi o que fizeram com o provérbio,

portugueses e brasileiros.

Sem Eira nem Beira:

Trata do detelhe de arquitetura da ponta dos telhados das casas – beiral e eiral – estar à beira de algum lugar…

Antigamente, quando uma contrução não apresentava esses detallhes, era tida como sem requintes, pobre, daí surgiu o dito “sem eira nem beira” referindo-se à falta de condições financeiras…

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