quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O zelador da Fonte

Conta uma lenda austríaca que em determinado povoado, havia um pacato habitante da floresta que foi contratado pelo Conselho Municipal para cuidar das piscinas que guarneciam a fonte de água da comunidade. 

O cavalheiro com silenciosa regularidade, inspecionava as colinas, retirava folhas e galhos secos, limpava o limo que poderia contaminar o fluxo da corrente de água fresca. 

Ninguém lhe observava as longas horas de caminhada ao redor das colinas, nem o esforço para a retirada de entulhos. 

Aos poucos, o povoado começou a atrair turistas. Cisnes graciosos passaram a nadar pela água cristalina. 

Rodas d´água de várias empresas da região começaram a girar dia e noite. 

As plantações eram naturalmente irrigadas, a paisagem vista dos restaurantes era de uma beleza extraordinária. 

Os anos foram passando. Certo dia, o Conselho da cidade se reuniu, como fazia semestralmente. 

Um dos membros do Conselho resolveu inspecionar o orçamento e colocou os olhos no salário pago ao zelador da fonte. 

De imediato, alertou aos demais e fez um longo discurso a respeito de como aquele velho estava sendo pago há anos, pela cidade. 

E para quê? O que é que ele fazia, afinal? Era um estranho guarda da reserva florestal, sem utilidade alguma. 

Seu discurso a todos convenceu. O Conselho Municipal dispensou o trabalho do zelador da fonte de imediato. 

Nas semanas seguintes, nada de novo. Mas no outono, as árvores começaram a perder as folhas. 

Pequenos galhos caíam nas piscinas formadas pelas nascentes. 

Certa tarde, alguém notou uma coloração meio amarelada na fonte. Dois dias depois, a água estava escura. 

Mais uma semana e uma película de lodo cobria toda a superfície ao longo das margens. 

O mau cheiro começou a ser exalado. Os cisnes emigraram para outras bandas. As rodas d´água começaram a girar lentamente, depois pararam. 

Os turistas abandonaram o local. A enfermidade chegou ao povoado. 

O Conselho Municipal tornou a se reunir, em sessão extraordinária e reconheceu o erro grosseiro cometido. 

Imediatamente, tratou de novamente contratar o zelador da fonte. 

Algumas semanas depois, as águas do autêntico rio da vida começaram a clarear. As rodas d´água voltaram a funcionar. 

Voltaram os cisnes e a vida foi retomando seu curso. 


Assim como o Conselho da pequena cidade, somos muitos de nós que não consideramos determinados pessoas. 

Aqueles que se desdobram todos os dias para que o pão chegue à nossa mesa, o mercado tenha as prateleiras abarrotadas; os corredores do hospital e da escola se mantenham limpos. 

Há quem limpe as ruas, recolha o lixo, dirija o ônibus, abra os portões da empresa. 

Servidores anônimos. Quase sempre passamos por eles sem vê-los. 

Mas, sem seu trabalho, o nosso não poderia ser realizado ou a vida seria inviável. 

O mundo é um gigantesco parque, onde cada um tem uma tarefa específica,

Se alguém não executar o seu papel, muitos pereceram. 

Dependemos uns dos outros; Para viver, para trabalhar e para ser felizes! 


O zelador da fonte, de Charles R. Swindoll, do livro Histórias para o coração, de Alice Gray, ed. United Press.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Lobos Internos

Um dia um velho avô foi procurado por seu neto, que estava com raiva de um amigo que o havia ofendido. 

O sábio velhinho acalmou o neto e disse com carinho: "Deixe-me contar-lhe uma história. 

Eu mesmo, algumas vezes, senti muito ódio daqueles que me ofenderam tanto, sem arrependimento. todavia, o ódio corrói a nossa intimidade mas não fere nosso inimigo. É o mesmo que tomar veneno desejando que o inimigo morra. 

Lutei muitas vezes contra esses sentimentos. 

O neto ouvia com atenção as considerações do avô. E ele continuou: "é como se existissem dois lobos dentro de mim. um deles é bom. Não magoa ninguém. Vive em harmonia com todos e não se ofende. 

Ele só lutará quando for certo fazer isto, e da maneira correta. Mas, o outro lobo, ah!, esse é cheio de raiva. 

Mesmo as pequenas coisas desagradáveis o levam facilmente a um ataque de ira! Ele briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. É tão irracional que nunca consegue mudar coisa alguma! 

Algumas vezes é difícil de conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito". 

O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou: "E qual deles vence, vovô?" 

O avô sorriu e respondeu baixinho: "Aquele que eu alimento mais freqüentemente". 

E você, qual dos dois lobos tem alimentado com mais freqüência? 

A figura do lobo é significativa, uma vez que representa o grau de animalidade que ainda rege as nossas ações. 

Enquanto o ser humano não desenvolver todas as virtudes que o elevarão à categoria de espírito superior, sempre haverá em sua intimidade um pouco dos irracionais. E essa luta interna é que irá definindo o nosso amanhã, de acordo com o lado que mais alimentamos. 

Por vezes, um simples ato impensado, uma simples ação infeliz, pode nos trazer conseqüências amargas por longo tempo. 

Paulo, o grande apóstolo do cristianismo, identificou muito bem essa luta íntima quando disse: "o bem que eu quero, esse eu não faço, mas o mal que não quero, esse eu faço." 

Indignado por algumas vezes ainda ser dominado pelo "homem velho", em prejuízo do homem novo que desejava ser, Paulo desabafou e nos deixou esta grande lição: é preciso perseverar. 

É preciso deixar que esse lobo sedento de vingança e obcecado pela ira, que ainda encontra vitalidade em nosso íntimo, não receba alimento e desapareça de vez por todas, cedendo lugar ao homem moralmente renovado que desejamos ser. 

Agindo dessa maneira poderemos um dia, não muito distante, dizer, como o próprio apóstolo Paulo disse, depois de vencer a si mesmo: "já não sou eu quem vive, é o cristo que vive em mim." 

Mas, para que cheguemos a esse ponto, temos que travar muitas batalhas internas a fim de fazer com que os ensinamentos e os exemplos de Jesus, o mestre por excelência, façam sentido para nós a ponto de se constituir em força motriz, a impulsionar os nossos pensamentos e atos. 

Você sabia? 

Você sabia que Paulo de tarso renunciou a muitas coisas para seguir a Jesus? 

Ele, que foi um dos primeiros perseguidores dos cristãos em nome da sua crença religiosa, depois que viu o mestre às portas da cidade de damasco, tornou-se seu seguidor fiel até os últimos dias de sua vida. 


Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.
2 Coríntios 12:10

Mas, para isso, foi preciso silenciar muitas vezes a fera interna que tentava falar mais alto. 

Foi preciso renunciar a si mesmo, deixar o orgulho de lado, tomar da sua cruz e seguir os passos luminosos do Mestre de Nazaré.



O Tesouro do Trabalho

Narra uma lenda que um pescador muito preguiçoso dormiu à beira do rio, de onde deveria retirar o seu sustento, e ali sonhou. 

Sonhou que encontrou em um campo um cântaro de ferro e tendo nele introduzido a mão, descobriu uma reluzente moeda de ouro. 

Os olhos do pescador brilharam com intensidade. Tornou a introduzir a mão no cântaro por diversas vezes e, em cada uma delas, encontrava uma nova moeda igual à primeira. 

Finalmente despertou e, animado pelo que sonhara, buscou alguém que lhe pudesse decifrar o significado daquelas imagens. 

Um velho sábio, então, lhe falou: Não há mistério e qualquer um que queira pode decifrar o seu sonho. Vá até o rio, estenda as suas redes várias vezes e você haverá de descobrir, por si mesmo, o significado. 

O pescador se encheu de bom ânimo e se dirigiu até o rio. As árvores frondosas das margens deitavam sombras sobre as águas cantarolantes e ligeiras. 

O pescador viu vários peixes que nadavam na corrente. Rapidamente, lançou sua rede e apanhou alguns. 

Novos peixes surgiram no seio profundo das águas e ele também os recolheu. 

Assim trabalhou durante horas. Jamais pescara tanto. Pareceu-lhe, mesmo, que a pesca fora semelhante a de um mês inteiro. 

Enquanto ainda estava na sua tarefa, ocorreu de passar pela margem um mercador. Ao ver os cestos abarrotados de peixes, aproximou-se e indagou o preço. Comprou todos por uma razoável quantia. 

Foi só então, quando sentiu nas mãos as moedas tilintantes que o pescador compreendeu o verdadeiro significado do sonho e o sentido das palavras do velho sábio. 

O cântaro nada mais era do que o rio de onde ele, pelo esforço do seu trabalho, tirava os peixes que, no mercado, se transformariam em moedas preciosas para as suas necessidades. 


O trabalho é presença indiscutível no contexto do progresso. Sem ele, a vida permaneceria em seu caos inicial. 

Tudo que existe é resultado do trabalho. A estátua que admiramos expressando beleza, fala do esforço com que o artista incansavelmente a trabalhou. 

A terra florida e perfumada, ou o pomar repleto de frutos são a resposta das Leis do trabalho ao trato do solo. 

Ao homem é concedida a honra do trabalho, que lhe permite desembaraçar-se do cipoal da ignorância, concedendo-lhe a alegria de exteriorizar a beleza e a harmonia que dormem latentes em sua intimidade.

Em qualquer situação, pois, o trabalho eleva quem o desenvolve e a ele se afeiçoa. 

O trabalho é também terapia preventiva. Assim é quando preenche os espaços da mente e da emoção com o esforço do seu afeiçoado. 

É também terapia curadora. Sempre que desperta o ser para a luta contra os seus limites, gerando possibilidades novas e meios de se recuperar. 

O trabalho é Lei de Deus. Isso porque faculta ao homem crescimento no processo constante da evolução.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Em Nome da Vaidade

Na antiga china os príncipes se casavam com meninas entre 12 e 13 anos.

As jovens esposas eram praticamente crianças e seus ovários ainda não estavam amadurecidos para gerar filhos.

Por essa razão, sacerdotes que praticavam acupuntura introduziam uma agulha de ouro no pavilhão da orelha para amadurecer as gônadas.

O fato de as pequenas princesas aparecerem em público com aquele adereço na orelha despertou a vaidade das demais mulheres, que passaram a imitá-las, e o brinco virou moda.

Vale ressaltar que, no início, a agulha era colocada por sacerdotes que conheciam os efeitos provocados por aquele objeto de metal no organismo das jovens esposas.

Com o passar do tempo o uso de brincos foi se popularizando e hoje é usado de forma indiscriminada e nas mais variadas regiões do corpo.

No entanto, esses objetos cruzam certas zonas de força e podem provocar distúrbios orgânicos dos mais variados.

A perfuração com metais pode interromper ou acelerar o fluxo energético em determinadas regiões do corpo e provocar enfermidades graves.

Por vezes, a pessoa coloca um ou vários brincos e passa a sentir sintomas que antes não sentia, sem se dar conta de que isso é resultado do uso, em região inadequada, desse objeto perfurante.

Em nome da vaidade muita gente faz uso de produtos que ainda não foram bem testados pelos especialistas, e dos quais se desconhece os efeitos colaterais que podem provocar.

É o caso do uso desmedido do silicone, apenas por vaidade, que pode causar danos à saúde da mulher que faz esses implantes sem nenhum critério.

Há ainda os produtos químicos de variada ordem, que são usados para combater as marcas esculpidas no rosto, pela idade.

É importante pensar a respeito dessas questões para saber se vale a pena estar na moda, mas doente.

Estar esteticamente belo, mas oferecendo variados riscos à saúde.

Exceto os casos em que há uma necessidade terapêutica ou uma correção estética pertinente, correr riscos dessa natureza é, no mínimo, falta de bom senso.

Ademais, se você já decidiu colocar brincos, piercing ou outro adereço qualquer, isso é um direito seu.

Mas pense na possibilidade de consultar um especialista no assunto, um acupunturista que saiba o ponto que não lhe trará riscos à saúde.

Afinal de contas, se você julga importante estar em dia com a moda, considere que mais importante ainda, é estar em dia com a saúde, com a vida, enfim.

Você sabia?

Que foi um monge chinês que criou a moda da argola de ouro no lóbulo da orelha?

É que certa feita os piratas salvaram do naufrágio vários monges e um deles, que cultivava a sabedoria da acupuntura, percebendo que um dos piratas tinha um problema de visão, colocou-lhe uma argola de ouro no lóbulo para curá-lo da enfermidade.

Ao longo do tempo, outros piratas gostaram da idéia e a copiaram para si mesmos.

E criou-se a moda da argola na orelha.

Por conhecer as origens desses modismos, é que vale a pena refletir até que ponto os enfeites trazem benefícios ou nos prejudicam a saúde.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

O Leão Apaixonado

O Leão Apaixonado


Um leão pediu a filha de um lenhador em casamento. O pai, contrariado mas receoso, aproveitou a ocasião para livrar-se desse problema.
Ele disse que consentia em tê-lo como noivo de sua filha, mas, com uma condição; Este deveria deixar-lhe arrancar suas unhas e dentes pois sua filha temia a ambos.
Contente o leão concordou. Depois disso, ao repetir seu pedido, o lenhador que não mais o temia, pegou um cajado e enxotou-o da casa para a floresta.


Autor: Esopo

"Para resolvermos um problema, devemos primeiro conhecê-lo e só depois enfrentá-lo".