Conta-se uma história de dois viajantes que, em seus camelos, atravessavam as escaldantes areias de um deserto. Lentamente, avançavam pela árida extensão, seguindo as pegadas de uma caravana que os antecedera. De repente, violenta tempestade de areia começou a varrer a inóspita amplidão.
O furioso e inclemente vendaval, quente e sufocante, soprava incontido, revolvendo em um turbilhão frenético a gigantesca massa de areia, a ponto dos desolados viajantes mal poderem avistar os camelos a seu lado.
Por fim, cessou a ventania, e tudo voltou à calma outra vez.
Ao contemplarem agora o cenário, o panorama havia mudado completamente. Cada monte de areia havia mudado de forma e lugar. Todo arbusto, que antes se via, agora estava desaparecido embaixo da desolada extensão de areia. As poucas e tênues pegadas pelas quais eles se orientavam tinham desaparecido totalmente.
Um deles, após procurar, em vão, qualquer indício ou sinal que os ajudasse na tomada do rumo, deixou cair os braços em gesto de completo desânimo e, angustiado, falou:
- Estamos perdidos, estamos completamente perdidos!
O outro nada tinha a dizer.
Naquela noite, entretanto, depois que o sol se pôs para o além do horizonte ocidental, levantou os olhos para o céu estrelado e disse esperançoso:
Não, não estamos perdidos. As estrelas ainda estão lá.
Autor desconhecido
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