terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Lealdade

Gordon B. Hinckley
President of the Church
Conferência Geral - Abril de 2003


Gordon B. Hinckley
Sejam leais ao que há de melhor em vocês. Sejam fiéis e leais aos convênios relacionados ao sacerdócio de Deus.
Não há nenhuma reunião em todo o mundo que se compare a esta. Onde quer que estejamos, seja qual for a língua que falemos, somos todos homens em cuja cabeça foram impostas mãos para que recebêssemos o sacerdócio de Deus. Quer sejamos rapazes que receberam o sacerdócio menor ou Aarônico, ou homens que receberam o sacerdócio maior ou de Melquisedeque, a todos nós foi concedido algo maravilhoso e magnífico, que faz parte da própria essência de Deus.
Repito que não há nenhuma reunião como esta em todo o mundo. Reunimo-nos pelos laços da fraternidade, em uma vasta congregação de homens que foram investidos de poder ou autoridade, tendo sido honrados com o privilégio de falar e agir em nome do Todo-Poderoso. O Senhor Deus do céu considerou adequado conferir-nos parte daquilo que é exclusivamente Seu. Muitas vezes me pergunto se somos dignos disso. Pergunto-me se realmente o apreciamos. Maravilho-me com a natureza infinita deste poder e autoridade. Ele está relacionado com a vida e a morte, com a família e a Igreja, com a grandiosa e transcendental natureza do próprio Deus e de Sua obra eterna.
Irmãos, cumprimento-os como membros dos quóruns do santo sacerdócio. Cumprimento-os como servos do Deus vivo que recebemos, cada um de nós, uma responsabilidade da qual não podemos eximir-nos.
De modo condizente com essa saudação, decidi falar a vocês sobre os vários aspectos de uma certa palavra. Essa palavra é lealdade.
Penso que lealdade significa sermos verdadeiros com nós mesmos. Penso que significa sermos absolutamente fiéis à companheira que escolhemos. Penso que lealdade significa sermos absolutamente leais à Igreja e aos muitos aspectos de suas atividades. Penso que significa sermos inequivocamente fiéis ao Deus do céu, nosso Pai Eterno, e a Seu Amado Filho, nosso Redentor, o Senhor Jesus Cristo.
Precisamos ser verdadeiros em relação ao que há de melhor em nós. Somos filhos de Deus, tendo recebido a honra de sermos portadores de Sua autoridade divina. No entanto, vivemos num mundo cheio de males. Há um poder que constantemente tenta atrair-nos, convidando-nos a partilhar de coisas que são totalmente incompatíveis com o divino sacerdócio que possuímos. É interessante observar como o pai da mentira, aquele astuto filho da alva que foi expulso do céu, sempre teve os meios e a capacidade de tentar, convidar e conduzir para seus caminhos aqueles que não são fortes e atentos. Muito recentemente, um certo filme foi aclamado como o melhor do ano. Não assisti a esse filme e não pretendo fazê-lo. Mas ouvi dizer que está repleto de cenas de sexo e que se usa linguagem profana por todo o filme.
A pornografia é uma das marcas registradas de nossos tempos. Seus produtores ficam ricos com a credulidade daqueles que gostam de ver essas coisas. No início da revelação que chamamos de Palavra de Sabedoria, o Senhor declara: “Devido a maldades e desígnios que existem e virão a existir no coração de homens conspiradores nos últimos dias, eu vos adverti e previno-vos, dando-vos esta palavra de sabedoria por revelação”. (D&C 89:4)
Ele então continua a revelação, falando do alimento que ingerimos. A mesma linguagem poderia ser aplicada com referência ao que colocamos em nossa mente quando nos permitimos ver pornografia.
Irmãos, todo homem e rapaz ao alcance de minha voz sabe que isso é degradante. Vocês não precisam de um mapa para saber aonde essa permissividade irá levá-los. Comparem essas coisas com a beleza, a paz e o maravilhoso sentimento que temos ao viver próximos do Senhor e elevar-nos acima das traiçoeiras e entorpecedoras práticas que estão a nosso redor.
Isso se aplica a vocês, meus caros rapazes que estão nesta reunião. Vocês são alvos especiais do adversário. Se ele conseguir conquistá-los agora, ele sabe que irá dominá-los pelo resto da vida. Foram implantados dentro de vocês alguns poderes e instintos maravilhosos para um propósito divino. Contudo, quando eles são corrompidos, tornam-se destruidores em vez de construtores.
Sinto-me profundamente grato pela força de nossos jovens. Sei também, contudo, que alguns se afastam de nós. Toda perda é uma tragédia. O reino de nosso Senhor precisa de vocês. Sejam dignos dele. Sejam leais ao melhor que há em vocês. Nunca cedam a nada que faça diminuir sua força para resistir ao mal.
Para vocês, homens, lanço um desafio. Fujam da torrente de imundície que pode sobrepujá-los. Fujam dos males do mundo. Sejam leais ao seu lado bom. Sejam leais ao que há de melhor em vocês. Sejam fiéis e leais aos convênios relacionados ao sacerdócio de Deus. Não é possível chafurdar na lascívia, mentir, enganar, tirar vantagem dos outros injustamente sem negar o toque de divindade que todos temos ao chegar a esta vida. Oro com todas as minhas forças, irmãos, para que nos elevemos acima disso e sejamos leais ao que há de melhor em nós.
Sejam leais em seu relacionamento familiar. Testemunhei muita coisa boa e muita coisa ruim nos casamentos. Todas as semanas tenho a responsabilidade de cuidar de pedidos de cancelamento do selamento no templo. O divórcio tornou-se um fenômeno muito comum em todo o mundo. Mesmo em lugares onde isso é ilegal, homens e mulheres simplesmente ignoram a lei e passam a viver juntos. Sou grato por poder dizer que o divórcio é muito menos freqüente entre as pessoas que se casaram no templo. Mas mesmo entre essas pessoas, há muito mais divórcios do que deveria haver.
O noivo e a noiva entram na casa do Senhor professando amar um ao outro. Fazem solenes e eternos convênios um com o outro e com o Senhor. Seu relacionamento é selado num acordo eterno. Ninguém espera que todo casamento funcione perfeitamente. Mas podemos esperar que todo casamento realizado na casa do Senhor carregue consigo um convênio de lealdade mútua.
Descobri há muito tempo que um dos maiores fatores para um casamento feliz é a cuidadosa preocupação com o conforto e o bem-estar do companheiro. Na maioria dos casos, o egoísmo é o fator principal que causa brigas, separações, divórcios e sofrimento.
Irmãos, o Senhor espera algo melhor de nós. Ele espera algo melhor do que aquilo que se vê no mundo. Nunca esqueçam que foram vocês que escolheram sua companheira. Foram vocês que sentiram que não havia ninguém no mundo semelhante a ela. Foram vocês que desejaram tê-la a seu lado para sempre. Mas, em muitos casos, a imagem do que aconteceu no templo desaparece. Um desejo lascivo pode ser a causa disso. Os elogios são substituídos pelas críticas. Quando procuramos o pior em alguém, sempre encontramos. Mas se nos concentrarmos no melhor, esse aspecto crescerá até começar a brilhar.
Tenho minhas próprias experiências pessoais. Minha esposa e eu em breve completaremos 66 anos de casados. Não sei como ela conseguiu me aturar por todo esse tempo. Agora estamos velhos. Mas sou imensamente grato por ela. Estou sempre muito preocupado para que ela tenha conforto. Desejo muito o melhor para ela. Que maravilhosa companheira ela tem sido. Que esposa maravilhosa e mãe, avó e bisavó magnífica ela é!
Vocês evidentemente já ouviram falar do homem que viveu até uma idade avançada, e os repórteres lhe perguntaram a que atribuía sua longevidade. Ele respondeu, que quando ele e sua mulher se casaram, decidiram que se viessem a discutir, um deles sairia da casa e daria uma volta fora de casa. Ele disse: “Senhores, atribuo minha longevidade ao fato de ter respirado muito ar fresco durante todos esses muitos anos”.
Irmãos, sejam leais à sua companheira. Que seu casamento seja abençoado com uma lealdade mútua inquebrantável. Sejam felizes um com o outro. Dêem à sua companheira a oportunidade de desenvolver-se em seus próprios interesses, de aprimorar seus talentos, de crescer a seu próprio modo, de ter seu próprio senso de realização.
Gostaria agora de dizer uma palavra a respeito da lealdade à Igreja.
Vemos muita indiferença. Há aqueles que dizem: “A Igreja não pode-me dizer como devo pensar a respeito disso ou daquilo ou como viver a minha vida”.
Não, replico, a Igreja não pode ditar a um homem o que ele deve pensar ou o que deve fazer. A Igreja aponta o caminho e convida cada membro a viver o evangelho e desfrutar as bênçãos decorrentes desse tipo de vida. A Igreja não ditará regras a nenhum homem, mas, sim, irá aconselhar, persuadir, admoestar e esperar lealdade daqueles que professam ser membros dela.
Quando eu era estudante universitário, disse a meu pai, certa vez, que achava que as Autoridades Gerais tinham ido além de suas prerrogativas quando defenderam uma determinada questão. Meu pai era um homem muito bondoso e sábio. Ele disse: “O Presidente da Igreja nos instruiu, e eu o apóio como profeta, vidente e revelador, e pretendo seguir seu conselho”.
Já sirvo nos conselhos gerais desta Igreja há 45 anos. Servi como Assistente dos Doze, como membro dos Doze, como Conselheiro na Primeira Presidência e agora, há oito anos, como Presidente. Quero prestar-lhes meu testemunho de que embora tenha literalmente participado de milhares de reuniões em que foram discutidos normas e programas da Igreja, jamais estive em uma na qual a orientação do Senhor não tenha sido buscada ou que houvesse qualquer desejo por parte de qualquer dos presentes de defender algo ou fazer qualquer coisa que fosse injuriosa ou coerciva em relação a qualquer pessoa.
O livro de Apocalipse declara: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente!
Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca”. (Apocalipse 3:15–16)
Faço-lhes a promessa, meus queridos irmãos, de que enquanto estiver servindo em minha atual responsabilidade jamais consentirei nem defenderei qualquer norma, programa, doutrina que não seja benéfica para os membros desta Igreja do Senhor.
Esta é a Sua obra. Ele a estabeleceu. Ele revelou sua doutrina. Determinou suas práticas. Criou seu governo. Esta é Sua obra e Seu reino, e Ele disse: “Os que não estão comigo estão contra mim”. (2 Néfi 10:16)
Em 1933, houve um movimento nos Estados Unidos para derrubar a lei que proibia o comércio de bebidas alcoólicas. Quando ela foi votada, Utah foi o estado que decidiria a questão.
Eu estava na missão, trabalhando em Londres, Inglaterra, quando li as manchetes de jornal que anunciavam: “Utah Derruba a Lei Seca”.
O Presidente Heber J. Grant, que na época era Presidente desta Igreja, tinha pedido a nosso povo que votasse contra a suspensão da Lei Seca. Ele ficou muito triste ao ver que muitos membros da Igreja deste estado não deram ouvidos a seu conselho.
Neste momento, não quero falar sobre os bons ou maus aspectos da Lei Seca, mas, sim, a respeito da lealdade inquebrantável à Igreja e a seus líderes.
Quão grato sou, irmãos, quão profundamente grato sou pela imensa fé manifestada por muitos santos dos últimos dias que, ao se verem diante de uma decisão importante em que a Igreja assumiu uma posição, se colocaram a favor dessa posição. Sinto-me particularmente grato por poder dizer que entre essas pessoas leais estão homens e mulheres bem-sucedidos, empreendedores, instruídos, influentes e fortes — indivíduos muito inteligentes e capazes.
Todos temos que encarar esta questão: Ou a Igreja é verdadeira ou é uma fraude. Não há meio-termo. Esta é a Igreja e o reino de Deus, ou não é nada!
Obrigado, meus queridos irmãos, vocês que são homens de grande força, fidelidade, fé e lealdade.
Por fim, a lealdade a Deus, nosso Pai Eterno e Seu Amado Filho, o Senhor Jesus Cristo.
Todo homem desta Igreja tem o direito de saber que Deus é nosso Pai Eterno e que Seu Filho Amado é nosso Redentor. O Salvador deu-nos a chave pela qual podemos adquirir esse conhecimento. Ele declarou: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo”. (João 7:17)
Judas Iscariotes entrou para a história como o grande traidor, que vendeu sua lealdade por 30 moedas de prata. (Ver Mateus 26:15.)
Quantas pessoas, em nossos dias, citando as palavras de Paulo, “de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério”, com linguagem profana e blasfema? (Ver Hebreus 6:6.)
Vocês conhecem a linguagem profana das escolas e das ruas. Não a usem. Nunca deixem que ela cruze seus lábios. Demonstrem sua lealdade ao Deus do céu e ao Redentor do mundo mantendo sagrado o nome Deles.
Orem a seu Pai Celestial em nome do Senhor Jesus Cristo e sempre, em todas as circunstâncias, demonstrem sua lealdade e seu amor pelo seu próprio modo de viver.
Quem segue ao Senhor?
Hoje iremos ver;
Clamemos sem temor
Quem segue ao Senhor?
(Hinos, nº 150)
Que as bênçãos do céu estejam com vocês e sua família, meus queridos irmãos. Que todos nós sejamos sempre fiéis e leais, sendo homens e rapazes de integridade e lealdade absoluta, é minha oração no sagrado nome de Jesus Cristo. Amém.

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