Foi durante a guerra civil na Espanha. Antoine de Saint Exupéry, o autor do Pequeno Príncipe, foi lutar ao lado dos espanhóis que preservavam a democracia. Certa feita caiu nas mãos dos adversários. Foi preso e condenado à morte. Na noite que precedia a sua execução, conta ele que foi despido de todos os seus haveres e jogado em uma cela miserável. Exupéry tentou uma conversa com o guarda, altas horas da madrugada. Afinal, eram suas últimas horas na face da terra. De início, foi inútil.
Contudo, quando o guarda se voltou para ele, ele sorriu. Era um sorriso que misturava pavor e ansiedade. Mas um sorriso. Sorriu e perguntou de forma tímida:
- Você é pai? A resposta foi dada com um movimento de cabeça, afirmativo. Na hora em que você for abraçar o seu filho, fale-lhe de amor. Diga a ele: "amo você. Você é a razão da minha vida." Você é guarda. Você está ganhando dinheiro para manter a sua família, não é?
O prisioneiro concluiu: então, leve a mensagem que eu não poderei dar ao meu filho. As lágrimas jorraram dos olhos. Ele notou que o guarda também chorava. Parecia ter despertado do seu torpor. Não disse uma única palavra. Tomou da chave mestra e abriu o cadeado externo. Com outra chave abriu a lingüeta. Fez correr o metal enferrujado abriu a porta da cela, deu-lhe um sinal.
O condenado à morte saiu apressado, depois correu, saindo da fortaleza. O carcereiro deu-lhe a vida e com certeza foi condenado por ter permitido que um prisioneiro fugisse. Antoine de Saint Exupéry retornou à França e escreveu uma página inesquecível: Tantas vezes podemos sorrir e apresentamos a face fechada, indiferente.
Entretanto, as vozes da imortalidade cantam.
Sejamos nós aqueles que cantemos a doce melodia do amor, em todo lugar, nos corações. Hoje mais do que ontem, agora mais do que na véspera quebremos todos os impedimentos para amar.
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