quinta-feira, 31 de março de 2011

Cunhas Ocultas



Presidente Thomas S. Monson 

Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
Não passemos para as gerações futuras as desavenças e raivas de nossa época. Removamos todas as cunhas ocultas que só servem para destruir-nos.
Presidente Thomas S. Monson










Em abril de 1966, na Conferência Geral Anual da Igreja, o Élder Spencer W. Kimball fez um discurso memorável. Ele citou uma história escrita por Samuel T. Whitman, intitulada "Cunhas Esquecidas". Decidi citar também a história de Samuel T. Whitman, acrescentando em seguida alguns exemplos de minha própria vida.
Whitman escreveu: "A tempestade de neve [daquele inverno] não tinha sido muito forte. É verdade que alguns fios de eletricidade haviam sido derrubados e que houve um súbito aumento no número de acidentes ao longo da rodovia. (. . .) Normalmente, a grande nogueira teria facilmente conseguido suportar o peso que se acumulou em seus longos galhos. Foi a cunha de ferro escondida dentro dela que causou o estrago.
A história da cunha de ferro começou muito tempo antes, quando o fazendeiro de cabelos brancos [que hoje mora na propriedade em que a nogueira se erguia] era um menino na fazenda de seu pai. A serraria tinha acabado de mudar-se do vale, e os novos moradores ainda encontravam ferramentas e peças de equipamento espalhadas por toda parte. (. . .)
Naquele dia, em particular, foi uma cunha de madeireiro — grande, plana e pesada, com 30 cm ou mais de comprimento, entortada pelo uso [— que o menino encontrou] (. . .) no pasto. [A cunha de madeireiro é utilizada para derrubar uma árvore, inserindo-se a cunha num talho e golpeando-a com uma marreta para alargar a fenda.] (. . .) Como já estava atrasado para o jantar, o rapaz colocou a cunha (. . .) entre os galhos da jovem nogueira que seu pai havia plantado perto do portão principal. Ele pretendia levar a cunha para o galpão logo depois do jantar, ou em outra ocasião em que estivesse passando por ali.
Ele realmente pretendia fazê-lo, mas nunca o fez. [A cunha] estava ali entre os galhos, um pouco espremida, quando ele chegou à idade adulta. Estava ali, firmemente presa, quando se casou e assumiu a fazenda do pai. Estava parcialmente encoberta no dia em que o pessoal da colheita jantou sob a árvore. (. . .) Totalmente oculta na árvore, a cunha ainda estava lá no inverno em que caiu aquela tempestade de neve.
No silêncio gelado daquela noite de inverno (. . .) um dos três galhos maiores se partiu e caiu ruidosamente ao chão. O restante da árvore ficou com uma distribuição desequilibrada de peso e também se partiu e acabou tombando. Quando a tempestade passou, não restara sequer um broto da árvore outrora majestosa.
Bem cedo pela manhã, o fazendeiro saiu de casa para lamentar sua perda. (. . .)
Então seus olhos avistaram algo no tronco desabado. 'A cunha', murmurou ele, reprovadoramente. 'A cunha que eu encontrei no pasto'. Num instante ele percebeu por que a árvore tinha caído. Presa no tronco que crescia, a cunha impediu que as fibras dos galhos se entrelaçassem como deviam".1
Irmãos e irmãs, existem cunhas ocultas na vida de muitas pessoas que conhecemos, sim, talvez até em nossa própria família.
Gostaria de contar-lhes sobre um amigo muito querido, que hoje já partiu da mortalidade. Seu nome era Leonard. Ele não era membro da Igreja, embora sua mulher e filhos fossem. Sua mulher serviu como presidente da Primária; seu filho serviu honrosamente em uma missão. Tanto sua filha quanto seu filho casaram-se em solenes cerimônias no templo e tinham suas respectivas famílias.
Todos que conheciam Leonard gostavam dele, tal como eu. Ele apoiava sua esposa e seus filhos em suas designações na Igreja. Ele ia a muitas atividades patrocinadas pela Igreja com eles. Ele levava uma vida digna e pura, uma vida de serviço ao próximo e bondade. Sua família e muitas outras pessoas se perguntavam por que Leonard tinha passado toda a mortalidade sem as bênçãos que o evangelho proporciona a seus membros.
Quando Leonard ficou idoso, sua saúde começou a fraquejar. Ele acabou sendo hospitalizado, às portas da morte. Na última vez que conversei com Leonard, ele me disse: "Tom, eu o conheço desde quando você era um menino. Sinto que devo explicar-lhe porque nunca me filiei à Igreja". Então, ele contou algo que havia acontecido com seus pais, há muitos e muitos anos. Relutantemente, a família chegou a uma situação tal, que viu que precisaria vender sua fazenda, e recebeu uma proposta. Nessa ocasião, um fazendeiro vizinho pediu-lhes que vendessem a fazenda para ele, embora por um preço menor, acrescentando: "Sempre fomos bons amigos. Desse modo, se eu comprar a sua fazenda, poderei tomar conta dela". Por fim, os pais de Leonard concordaram em vender a fazenda. O comprador, aquele vizinho, ocupava um cargo de responsabilidade na Igreja, e a confiança que isso suscitava ajudou a convencer a família a vender-lhe a fazenda, embora não tivessem percebido que teriam recebido muito mais se a tivessem vendido para o primeiro comprador interessado. Pouco tempo depois de a venda ter sido efetuada, o vizinho vendeu a sua fazenda juntamente com a fazenda comprada da família de Leonard, que combinadas ficaram muito valorizadas e alcançaram um preço de venda bem mais alto. A antiga dúvida sobre o motivo pelo qual Leonard jamais se filiara à Igreja tinha sido respondida. Ele sempre sentira que sua família tinha sido enganada pelo vizinho.
Ele confidenciou-me, depois de nossa conversa, que sentia como se um grande fardo tivesse sido finalmente removido de suas costas, ao preparar-se para encontrar-se com o Criador. A trágedia foi que uma cunha oculta impedira que Leonard progredisse espiritualmente na vida.
Conheço uma família que veio da Alemanha para a América. A língua inglesa era difícil para eles. Tinham poucos recursos, mas todos foram abençoados com a vontade de trabalhar e um amor a Deus.
Seu terceiro filho nasceu, mas viveu apenas dois meses e depois morreu. O pai era marceneiro e construiu um belo caixão para o corpo de seu querido filho. O dia do funeral foi sombrio, expressando a tristeza que sentiam pela morte do filho. A família caminhou até a capela, com o pai carregando o pequeno caixão, e um pequeno grupo de amigos se reuniu. Mas a porta da capela estava trancada. O atarefado bispo tinha-se esquecido do funeral. Todas as tentativas de encontrá-lo foram em vão. Sem saber o que fazer, o pai colocou o caixão debaixo do braço e carregou-o de volta para casa, com a famíla a seu lado, caminhando sob uma chuva torrencial.
Se a família tivesse um caráter mais fraco, eles poderiam ter culpado o bispo e guardado ressentimentos. Quando o bispo ficou sabendo da tragédia, foi visitar a família e se desculpou. Com a mágoa ainda evidente no rosto, mas com lágrimas nos olhos, o pai aceitou as desculpas, e os dois se abraçaram num espírito de compreensão. Não restou nenhuma cunha oculta para causar mais sentimentos de raiva. O amor e a aceitação prevaleceram.
O espírito precisa ser libertado de tudo que impeça seu progresso e de ressentimentos não resolvidos para que a alma sinta alegria na vida. Em muitas famílias, há sentimentos feridos e uma relutância em perdoar. Não importa, realmente, qual tenha sido a questão. Não podemos nem devemos permitir que ela continue a magoar-nos. Condenar o outro faz com que as feridas permaneçam abertas. Somente o perdão cura. George Herbert, um poeta do início do século XVII, escreveu: "Aquele que não perdoa destrói a ponte que ele próprio precisará atravessar se desejar atingir o céu, porque todos precisamos de perdão".
Belas são as palavras do Salvador quando estava prestes a morrer na impiedosa cruz. Ele disse: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem".2
Há pessoas que têm dificuldade em perdoar a si mesmas e se apegam a suas supostas imperfeições. Gosto muito da história de um líder religioso que se colocou ao lado de uma mulher que estava morrendo, tentando confortá-la, mas sem ter sucesso. "Estou perdida", disse ela. "Arruinei minha vida e a de todos a meu redor. Não há esperança para mim".
O homem notou um retrato de uma linda menina sobre a cômoda. "Quem é ela?" perguntou ele.
A mulher ficou radiante. "Ela é minha filha, a única coisa bela em minha vida".
"E você a ajudaria se ela estivesse com problemas ou tivesse cometido um erro? Você a perdoaria? Ainda continuaria a amá-la?"
"Claro que sim!" exclamou a mulher. "Eu faria qualquer coisa por ela. Por que me pergunta isso?"
"Porque quero que você saiba", disse o homem, "que, figurativamente falando, o Pai Celestial tem um retrato seu sobre a cômoda Dele. Ele a ama e irá ajudá-la. Peça Seu auxílio".
Uma cunha oculta que impedia sua felicidade foi removida.
Num momento de perigo ou de provação, esse conhecimento, essa esperança, essa compreensão proporcionarão conforto para a mente perturbada e o coração aflito. Todo o Novo Testamento transmite a mensagem de renascimento da alma humana. As sombras do desespero são dispersas pelos raios de esperança, a tristeza é substituída pela felicidade, e o sentimento de estarmos perdidos na multidão desaparece com a certeza de que o Pai Celestial Se importa com cada um de nós.
O Salvador garantiu a veracidade disso ao ensinar que nenhum pássaro cai ao chão sem que o Pai Celestial saiba. Ele concluiu essa bela mensagem, dizendo: "Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos".3
Há algum tempo, li o seguinte artigo da Associated Press publicado num jornal. "Um homem idoso revelou no funeral de seu irmão, com quem havia dividido desde a juventude uma pequena cabana de um só cômodo nos arredores de Canisteo, Nova York, que eles haviam dividido o quarto ao meio com uma linha riscada a giz no chão, após uma briga, e que nenhum deles havia cruzado a linha ou trocado uma única palavra com o outro desde aquele dia, 62 anos antes". Que poderosa e destrutiva cunha oculta.
Como Alexander Pope escreveu: "Errar é humano, perdoar é divino".4
Às vezes nos ofendemos com muita facilidade. Em outras ocasiões somos por demais obstinados para aceitar um sincero pedido de desculpa. Vamos vencer nosso ego, orgulho e mágoa e depois dar um passo à frente e dizer: "Eu realmente sinto muito! Vamos ser o que já fomos um dia: amigos. Não passemos para as gerações futuras as desavenças e raivas de nossa época". Removamos todas as cunhas ocultas que só servem para destruir-nos.
De onde se originam as cunhas ocultas? Algumas resultam de disputas não resolvidas, que levam a maus sentimentos, seguidos de remorso e tristeza. Outras começam com desapontamentos, invejas, discussões e mágoas imaginárias. Precisamos resolvê-las, deixá-las de lado e não permitir que germinem, se espalhem e acabem destruindo.
Uma amável senhora de mais de noventa anos de idade veio procurar-me certo dia e inesperadamente me contou várias mágoas que tinha. Ela mencionou que muitos anos antes, um fazendeiro vizinho, com quem ela e o marido haviam tido desentendimentos ocasionais, pediu se poderia cortar caminho por dentro de sua propriedade para chegar até as terras dele. Ela fez uma pausa, então, com a voz trêmula, disse: "Tommy, eu não deixei que ele cruzasse nossa propriedade, mas fiz com que ele desse toda a volta, a pé, para chegar até as terras dele. Eu errei e me arrependo disso. Ele já morreu, mas como eu gostaria de poder dizer-lhe que sinto muito. Como desejaria ter uma segunda chance".
Ao ouvir seu relato, as palavras escritas por John Greenleaf Whittier vieram-me à mente: "De todas as palavras tristes escritas ou faladas, a mais triste de todas é: 'Poderia ter sido'".5
Em 3 Néfi, no Livro de Mórmon, lemos este conselho inspirado: "Não haverá disputas entre vós (. . .). Pois em verdade, em verdade vos digo que aquele que tem o espírito de discórdia não é meu, mas é do diabo, que é o pai da discórdia e leva a cólera ao coração dos homens, para contenderem uns com os outros. Eis que esta não é minha doutrina, levar a cólera ao coração dos homens, uns contra os outros; esta, porém, é minha doutrina: que estas coisas devem cessar".6
Gostaria de concluir com o relato de dois homens que são heróis para mim. Seus atos de coragem não foram realizados em escala nacional, mas, sim, num pacífico vale conhecido como Midway, Utah.
Há muitos anos, Roy Kohler e Grand Remund serviram juntos em cargos na Igreja. Eles eram muito amigos. Eram fazendeiros e tinham plantações e gado leiteiro. Houve, então, um mal-entendido que se transformou numa certa rixa entre os dois.
Mais tarde, quando Roy Kohler ficou gravemente enfermo com câncer e tinha pouco tempo de vida, minha esposa, Frances, e eu visitamos Roy, e eu lhe dei uma bênção. Ao conversarmos em seguida, o irmão Kohler disse: "Quero contar-lhe uma das coisas mais sublimes que já me aconteceu na vida". Ele então contou-me sobre os mal-entendidos que tivera com Grand Remund e a discórdia que se estabelecera entre eles. Ele disse: "Estávamos brigados um com o outro".
"Então", prosseguiu Roy, "eu tinha acabado de juntar o feno para o inverno quando, certa noite, devido a uma combustão espontânea, o feno pegou fogo, queimando todo o estábulo e tudo que estava nele. Fiquei desolado", disse Roy. "Não sabia o que iria fazer. A noite estava escura, com exceção das brasas que se apagavam. Foi então que vi faróis de tratores e equipamento pesado chegando pela estrada, vindo da propriedade de Grand Remund. Quando o grupo de resgate entrou em nossa propriedade e me encontrou ali com lágrimas no rosto, Grant disse: 'Roy, você tem uma grande bagunça para arrumar. Meus rapazes e eu estamos aqui. Vamos ao trabalho'." Os homens se empenharam juntos na tarefa que tinham diante de si. A cunha oculta que os separara por algum tempo desapareceu para sempre. Eles trabalharam juntos a noite inteira e durante o dia seguinte, auxiliados por várias pessoas da comunidade.
Roy Kohler faleceu, e Grant Remund está ficando idoso. Seus filhos serviram juntos no mesmo bispado da ala. Considero realmente preciosa a amizade dessas duas famílias maravilhosas.
Sejamos sempre um exemplo em nosso lar e no fiel cumprimento de todos os mandamentos; que não haja cunhas ocultas, mas lembremo-nos da admoestação do Salvador: "Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros".7
Essa é minha súplica e minha oração, em nome de Jesus Cristo. Amém.
NOTAS
1. Conference Report, abril de 1966, p. 70.
2. Lucas 23:34.
3. Mateus 10:31.
4. An Essay on Criticism(1711), parte 2, linha 525.
5. "Maud Muller",The Complete Poetical Works of Whittier(1892), p. 48.
6. 3 Néfi 11:28–30.
7. João 13:35

terça-feira, 29 de março de 2011

10 razões para não se isolar da equipe


Por Patrícia Bispo para o RH.com.br 


Por mais que um profissional tenha experiência e seja considerado um exemplo para os seus pares, chegará o momento em que ele precisará de ajuda, compartilhar conhecimentos, trocar ideias, enfim, trabalhar com outras pessoas. Infelizmente, há quem acredite que é auto-suficiente e que em momento algum da sua vida, inclusive profissional, necessitará da presença de alguém ao seu lado. Isso, muitas vezes, faz com que colaboradores de talento percam a capacidade de desenvolver uma competência comportamental tão valorizada no mercado: a capacidade de trabalhar em equipe e lidar com o diverso. Abaixo, listo alguns dos motivos para não se isolar das pessoas que convivemos no dia a dia corporativo.
1 - Cada pessoa possui uma personalidade. Umas são mais extrovertidas e outras introvertidas. Não é errado ser mais contido, tímido em relação os demais. Contudo, o ser humano vive em sociedade e isso é extensivo à rotina das empresas. Quem fecha as "portas" para todos os colegas de trabalho corre o risco de ser considerado um mal-humorado. Se a correria organizacional já é estressante, imagine conviver com um profissional que tem a testa franzida durante todo o expediente?
2 - Quem acredita que estar calado durante quase todo o dia garantirá que os conflitos e os problemas ficarão sempre longe, engana-se. Ao invés de ser considerado um indivíduo que não quer confusão com os colegas, pode ser interpretado como alguém que se acha melhor do que os demais.
3 - Há ainda profissionais que se afastam dos seus pares, com receio de perder o cargo. Afinal, se conversar com os outros pode dar o "ouro ao bandido" e repassar informações valiosas. Lembre-se que existem dois tipos de conhecimento: aquele que está registrado nos livros, manuais, computadores e aquele que você carrega ao longo da vida e que ninguém pode arrancá-lo da sua mente, pois foi conquistado graças ao seu esforço.
4 - Da mesma forma que o profissional nega-se em compartilhar conhecimento com os demais colegas, ele dá motivos para que seus pares não partilhem novas tendências do mercado consideradas valiosas para o negócio da empresa. Ou seja, a pessoa torna-se "um peixe fora d'água", enquanto muitos fatos relevantes ocorrer ao seu redor.
5 - O isolamento traz outro ponto negativo. Com o passar do tempo, quem se mantém afastado dos colegas observa que nunca é convidado para assistir uma peça teatral, um bom filme ou mesmo para uma boa conversa depois do expediente. O sentimento de discriminação acaba por invadir a pessoa.
6 - Você se aproximaria fecha-se em uma ostra e faz um mundo "paralelo" no ambiente organizacional, em determinado momento precisará, por exemplo, de alguma informação para agilizar o seu trabalho. No entanto, como você nunca se mostrou disposto a ajudar seus colegas e tampouco manteve um relacionamento, no mínimo, educado, a chance de ter seu pedido atendido prontamente será remota.
7 - Informações valiosas e relacionadas ao ambiente de trabalho sempre circulam entre os profissionais. Não se inclua aqui os boatos promovidos pela "rádio peão", mas notícias que agregam valor ao profissional como a realização e um treinamento com número limitado de vagas. Quando se está isolado da equipe, essas informações chegarão até você, mas quando as inscrições estiverem encerradas.
8 - Quando o afastamento do profissional ganha proporções significativas, isso não é perceptível apenas pelos membros da equipe, mas também pelo gestor que está atento a tudo o que acontece no setor que está sob sua responsabilidade. Um profissional que se fecha para o mundo, esquece de que ele mantém distância da sua liderança e isso, por sua vez, pode passar a impressão de que sua satisfação com a empresa é negativa. Se, porventura, ocorrer a necessidade de redução do quadro funcional, quem não está engajamento com a equipe pode tornar-se alvo de um futuro desligamento.
9 - Dizer não para o os relacionamentos interpessoais é podar a chance de adquirir uma das mais requisitadas competências comportamentais da atualidade: aptidão para trabalhar em equipe. Vale ressaltar que esse diferencial facilita consideravelmente que os profissionais aceitem com menos impacto os processos de mudanças e a realidade de que a globalização trouxe consigo a diversidade. Trabalhar com profissionais que apresentam personalidades diferenciadas e valores, por vezes, antagônicos é uma realidade que toda empresa competitiva convive diariamente.
10 - Empregabilidade. Essa palavra sempre se encontra em evidência no mercado em constante processo de mudança. Nesse contexto, os profissionais que estão atentos às tendências organizacionais reconhecem o valor de uma boa rede de relacionamento, com vistas em necessidades futuras. Quando alguém opta por se afastar da equipe está podando a possibilidade de manter de manter um network ativo.

domingo, 27 de março de 2011

Preparação



A maioria de nós já pensou em como preparar-se para dias difíceis, com fome, terremotos e outras calamidades, Mas há outro aspecto, até mais importante, em que temos de preparar-nos para as provas que certamente todos enfrentaremos. Essa preparação deve começar com muita antecedência, porque leva tempo. O que precisamos não está a venda, não se empresta, não se pode armazenar e tem de ser feito com regularidade e freqüência.


O que precisaremos no dia em que formos provados é de preparação espiritual; é ter desenvolvido tal fé em Jesus Cristo que consigamos passar na prova da vida da qual depende tudo o que nos aguarda na eternidade. Essa prova faz parte do propósito de Deus para nós na Criação.

O Profeta Joseph Smith deu-nos a descrição que o Senhor fez da prova que enfrentamos. O Pai Celestial criou o mundo junto com Seu Filho, Jesus Cristo. Estas palavras nos falam do propósito da Criação: “Desceremos, pois há espaço lá, e tomaremos destes materiais e faremos uma terra onde estes possam habitar; e assim os provaremos para ver se farão todas as coisas que o Senhor seu Deus lhes ordenar”.1 Abraão 3:24–25.

Assim, a grande prova da vida é ver se escutaremos os mandamentos de Deus e obedeceremos a eles em meio às tempestades da vida. Não é enfrentar as tempestades, mas escolher o certo durante as tempestades. A tragédia da vida é não passar nessa prova e, portanto, não se qualificar para voltar com glória ao lar celestial.

Somos filhos espirituais do Pai Celestial. Ele nos amou e ensinou antes de nascermos neste mundo e disse que desejava dar a nós tudo o que tinha. Para qualificar-nos para receber essa dádiva, precisávamos receber um corpo mortal e ser provados. Por causa do corpo mortal, enfrentaríamos a dor, a doença e a morte.
Ficaríamos sujeitos às tentações por causa dos desejos e fraquezas inerentes ao nosso corpo mortal. Haveria forças do mal, sutis e poderosas, que nos tentariam a ceder a essas tentações. Na vida, haveria tempestades em que teríamos de fazer escolhas por meio da fé naquilo que não vemos com os olhos naturais.

Foi-nos prometido que Jeová, Jesus Cristo, seria nosso Salvador e Redentor. Ele garantiria a ressurreição para todos nós e nos possibilitaria passar na prova da vida, se exercêssemos fé Nele por meio da obediência. Nós alçamos a voz exultantes com as boas novas.

Uma passagem do Livro de Mórmon, diz o quanto a prova é difícil e o que será preciso para ser aprovado:
“Animai-vos, portanto, e lembrai-vos de que sois livres para agir por vós mesmos — para escolher o caminho da morte eterna ou o caminho da vida eterna. Portanto, reconciliai-vos, meus amados irmãos, com a vontade de Deus e não com a vontade do diabo e da carne; e lembrai-vos, depois de vos reconciliardes com Deus, de que é somente na graça e pela graça de Deus que sois salvos. [Portanto, que Deus vos levante] da morte pelo poder da ressurreição e também da morte eterna, pelo poder da expiação, a fim de que sejais recebidos no eterno reino de Deus para louvá-lo pela graça divina. Amém.” 2 Néfi 10:23–25.

Será preciso ter fé inabalável no Senhor Jesus Cristo para escolher o caminho da vida eterna. É por meio dessa fé que podemos saber qual é a vontade de Deus. É agindo de acordo com essa fé que conseguimos ter forças para fazer a vontade de Deus; e é exercendo essa fé em Jesus Cristo que podemos resistir às tentações e receber o perdão por meio da Expiação.

Precisaremos desenvolver e cultivar a fé em Jesus Cristo muito antes que Satanás nos ataque, como certamente fará, com as dúvidas, com os apelos aos nossos desejos carnais e com as vozes mentirosas que chamam o bem de mal e dizem que não existe pecado. Essas tempestades espirituais já estão sobre nós. Podemos ter certeza de que elas ficarão piores antes que o Salvador volte.

Não importa quanta fé tenhamos agora para obedecer a Deus, precisaremos fortalecê-la continuamente e renová-la sempre. Podemos fazer isso tomando agora a decisão de obedecer mais prontamente e perseverar com mais determinação. Aprender a começar cedo e ser constante é a chave da preparação espiritual. A procrastinação e a inconstância são seus inimigos mortais.

Quero sugerir quatro contextos nos quais devemos obedecer com rapidez e constância.
·        O primeiro é o mandamento de banquetear-se na palavra de Deus; o
·        Segundo é orar sempre;
·        Terceiro é o mandamento de pagar o dízimo integralmente
·        Quarto é fugir do pecado e de seus efeitos terríveis. Em cada um, é preciso fé para começar e, depois, para perseverar; e todos podem fortalecer a própria capacidade de obedecer aos mandamentos do Senhor.

O Presidente Gordon B. Hinckley: Prometo-lhes sem reservas que, se seguirem esse programa simples, não importando quantas vezes tiverem lido o Livro de Mórmon antes, haverá em sua vida e em sua casa mais do Espírito do Senhor, uma determinação mais firme de obedecer a Seus mandamentos e um testemunho mais forte da realidade viva do Filho de Deus.”3

Essa é a exata promessa de mais fé que precisamos para ficar preparados espiritualmente; mas se demorarmos para começar a obedecer a esse convite inspirado, o número de páginas a serem lidas por dia aumentará. Se passarmos mesmo que só alguns dias sem ler, a probabilidade de não conseguir ler tudo aumenta. É por isso que decidi ler sempre um pouco mais do que minha meta diária, para ter certeza de qualificar-me para receber a bênção da resolução e a do testemunho de Jesus Cristo. No final de dezembro, eu terei aprendido a atender aos mandamentos do Senhor assim que os receber e a ser constante na obediência.

Se eu seguir os conselhos dos profetas Serei rápido em fazer o que o Espírito Santo me disser. Terei muitas experiências que aumentará a fé que preciso para obedecer e, assim, minha fé se fortalecerá, e eu saberei por experiência própria o que recebemos por consultar as escrituras logo e com persistência para saber o que Deus quer que façamos e por atender a vontade Dele. Se fizermos isso, estaremos mais bem preparados quando tempestades maiores nos sobrevierem.

A oração individual também aumenta a fé que precisamos para fazer o que Deus ordena. Recebemos o mandamento de orar sempre para não ser vencidos. Parte da proteção de que precisamos virá da intervenção direta de Deus, mas uma parte ainda maior provém de cultivarmos a fé necessária para obedecer.
O Salvador deu-nos um grande exemplo de oração de submissão. Ele orou no Jardim do Getsêmani ao realizar a Expiação, pedindo que fosse feita a vontade do Pai. Ele sabia que a vontade do Pai seria que Ele passasse por algo tão doloroso e terrível que não somos capazes de compreender. Em oração, não pediu apenas para aceitar, mas para fazer a vontade do Pai. Ele mostrou-nos a maneira de orar com perfeita e determinada submissão.

O princípio de exercer a fé prontamente e com constância também se aplica ao mandamento do dízimo. Não devemos esperar pelo acerto anual do dízimo para resolver pagar o dízimo integralmente

A mesma força que advém de decidir-se logo a exercer a fé e ser persistente em obedecer aplica-se a obter a fé para resistir às tentações e alcançar o perdão. O melhor momento para resistir à tentação é logo no início. O melhor momento para o arrependimento é agora. O inimigo de nossa alma colocará pensamentos em nossa mente para tentar-nos. Podemos decidir logo exercer a fé e expulsar os maus pensamentos antes de agir de acordo com eles e, quando pecarmos, podemos ser rápidos na decisão de arrepender-nos, antes que Satanás enfraqueça nossa fé e nos subjugue. É sempre melhor buscar o perdão agora do que deixar para depois.

Se tomarmos agora a decisão de exercer a fé e sempre obedecer, isso nos dará grande fé e confiança. Essa é a preparação espiritual de que todos precisamos e, nos momentos de crise, é ela que nos qualificará para rece- ber o que o Senhor prometeu: “se estiverdes preparados, não temereis”.6

Sei que nós somos filhos de um Pai Celestial amoroso. Sei que Seu Filho, Jesus Cristo, vive e é o nosso Salvador e que pagou por todos os nossos pecados. Ele ressuscitou, e Ele e o Pai Celestial apareceram ao jovem Joseph Smith. Sei que o Livro de Mórmon é a palavra de Deus traduzida pelo dom e poder de Deus. Sei que esta é a verdadeira Igreja de Jesus Cristo.
Sei que por meio do Espírito Santo podemos saber o que Deus quer que façamos. Testifico que Ele pode dar-nos a capacidade para fazer o que nos pede, seja o que for e sejam quais forem as nossas provações.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Cuidado, leitores! Os direitos individuais estão sob especulação! E no Supremo Tribunal Federal!



24/03/2011
 às 6:37


Caras e caros, eis um daqueles textos longos, mas essencial para o entendimento que temos, eu e vocês, do mundo. Acho que não vou aborrecê-los.
Algo de muito grave se insinuou ontem no Supremo Tribunal Federal na votação sobre a chamada Lei da Ficha Limpa. Sob o pretexto de se moralizar a vida pública, os direitos individuais acabaram sendo alvos de uma especulação inaceitável. Sob o pretexto de moralizar a vida pública, uma cláusula pétrea da Constituição, que é uma garantia fundamental de todos os brasileiros, foi considerada inimiga da decência. E eu denuncio aqui tais visões distorcidas. O meu parâmetro continua a ser o mesmo: o das sociedades abertas, fundadas nas garantias individuais. O contrário disso é ditadura — nem que seja ditadura de maioria, igualmente repulsiva. Ao caso.
Segundo o Artigo 16 da Constituição Federal, “a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”. E ponto! A linguagem legal é muitas vezes uma “florida galeota empavesada”, como diria o poeta, gongórica, cheia de brocados. Não é o caso deste artigo. Sua clareza é solar e não apresenta interstícios para vocações interpretativas e devaneios condoreiros! Como a tal lei foi aprovada a menos de um ano da eleição então vindoura, resta evidente que não poderia ter sido aplicada em 2010. Ocorre que ela foi — graças a uma sucessão de absurdos que tomou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que decidiu abraçar o populismo sob o pretexto de abraçar o povo. Por seis votos a cinco, prevaleceu ontem o entendimento de que o Artigo 16 da Constituição impediria a sua aplicação na disputa do ano passado.
Quiseram alguns que se assistiu a uma bela tertúlia jurídica ontem, com um confronto de argumentações sólidas, em que o saber jurídico, ao confrontar leituras distintas, caracterizou-se pelo esmero, pelo cuidado, pela sapiência. Discordo radicalmente! O que se viu foi um confronto entre a Justiça e os justiceiros; entre a argumentação técnica, que apela ao saber jurídico, e certa propensão ou ao apelo à voz rouca das ruas ou, vênia máxima, à ligeireza. O relator do caso foi o ministro Gilmar Mendes, que entendeu que a lei não poderia ter validade em 2010, no que foi seguido por Luiz Fux, Dias Tóffoli, Marco Aurélio de Mello, Celso de Mello e Cezar Peluso. Os ministros Carmen Lúcia, Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski, Ayres Britto e Ellen Gracie votaram contra o relator.
Quem não quer?Quem não quer a moralidade na vida pública? Mas ela só pode ser alcançada dentro da Constituição democraticamente votada. Se admito que um princípio constitucional pode ser violado para fazer uma “justiça” que, de outra sorte, não se faria, então peço ao Mal que se ajoelhe no altar do Bem para lhe prestar reverência. Se hoje, porque somos bons, admitimos que se pode transgredir a lei para pegar os “maus”, um dia os “maus” recorrerão a tal expediente para nos punir  — nós, os bons! — sem que possamos nem mesmo protestar, já que uma mesma (a)moralidade nos une, ainda que em campos opostos.
Já basta que o Ficha Limpa jogue na lata do lixo a presunção da inocência sem que tenhamos aberto mão da presunção da inocência; já basta que se ignore o princípio sagrado nos estados de direito da não-retroatividade da lei, embora o princípio da não-retroatividade continue, felizmente, a orientar o nosso direito. Cinco ministros tentaram, nesta quarta, para arremate dos males, fazer letra morta do Artigo 16 da Constituição. Algumas considerações foram apenas ligeiras; outras, no entanto, trazem a semente do mal. Que mal? A visão totalitária de estado. Caso venha a prosperar no STF, estaremos no pior dos mundos.
O auge do desatino, entendo, se deu com uma consideração do ministro Ayres Britto, que atuou em dobradinha com Joaquim Barbosa, como dupla sertaneja — depois do “Sertanejo Universitário”, temos o “Sertanejo Judiciário”. Adiante! Segundo Britto, numa consideração escandalosa, “os direitos individuais têm sido usados para esvaziar outros direitos…” E emendou: “Direitos da cidadania, do trabalho”. Quem é esse ente jurídico, essa tal “cidadania”? Onde ela mora? Tem CPF ou CNPJ? Que diabo é isso, ministro Ayres Britto? Onde se esconde esse sujeito de direito?
A garantia contida no Artigo 16, com bem lembrou Gilmar Mendes, num voto brilhante, impede que maiorias de ocasião possam, sob os pretextos os mais aparentemente louváveis, mudar as regras de modo a se beneficiar. O texto assegura a igualdade na disputa. Não para Britto, que vê aí um conflito entre “direito individual” (qual???) e “direito coletivo”. Ora, o Artigo 16 da Constituição não foi redigido para proteger o sr. Leonídio Egídio Correa Bouças, que recorreu ao Supremo. Trata-se, ao contrário do que sugere o ministro, de uma garantia geral — ou, se ele quiser, “da cidadania”…
A consideração de Britto é infeliz e vem a contrapelo dos fatos. O que está em curso é justamente o contrário: direitos individuais estão sendo escancaradamente violados em nome dos tais “direitos da cidadania”. Querem um exemplo? Quando um estudante classificado num exame vestibular perde a sua vaga para um cotista, por exemplo, quem está sendo “esvaziado”? A resposta é óbvia: o direito individual!
Estados fascistas e socialistasSó os estados totalitários vêem os direitos individuais como adversários dos direitos coletivos O filósofo Giovanni Gentile resumiu a essência do fascismo: “Tudo no Estadonada contra o Estado,  nada fora do Estado”. No socialismo, poder-se-ia trocar “estado” por “partido”. O objetivo virtuoso de um estado, numa democracia, deve ser garantir os direitos de todos garantindo o direito de cada um. Quantos crimes já se cometeram em nome da coletividade!!!
O bárbaro BarbosaBritto vinha no embalo de Joaquim Barbosa, que não havia economizado no absurdo. Sem contestar uma linha daqueles que o antecederam, resolveu resumir a questão a uma luta entre o Bem e o Mal — escolhendo, a meu ver, o Mal, mas ele estava convicto de estar fazendo o contrário. Segundo disse, tratava-se de optar entre dois primados da Constituição: o do Artigo 16 (logo, Barbosa admite que a Carta impedia a aplicação da lei em 2010!!!) e a defesa da moralidade na vida pública. Depreende-se, assim, de tão douta argumentação que o Artigo 16 concorra para a imoralidade, certo? Pode-se até avançar um pouco mais: se é assim, aqueles que a ele recorrerem para fundamentar o seu voto estarão compactuado coma lambança.
Eis uma consideração, lamento dizer, não muito inteligente, já que a contradição apontada por ele não existe, e também um tanto ofensiva com seus pares. Barbosa tem certa dificuldade de argumentar sem que pareça que ele fala em nome da justiça, e os outros, da injustiça. Não o assiste aquele decoro básico de elogiar o voto contrário ao seu para abrir divergência. Nunca! Fica sempre uma sugestão de que está combatendo a má fé . Vamos ver: com que então a Constituição brasileira abriga um artigo que não pode freqüentar casas de família? Não dá!
Direito, vela e defunto
Ellen Gracie, sempre tão sóbria, parecia estar com pressa ontem. Referindo-se aos votos de Mendes e de Fux, que elogiou, mandou ver: “Gasta-se boa vela com mau defunto”.  Entendi que o mau defunto era o brasileiro que usava o seu direito de recorrer à Justiça, pouco importando as suas qualidades morais, não é?  Eis aí, ministro Britto, um “direito da cidadania” que só faz sentido se for uma direito individual. Não! Isso não é argumentação jurídica. Isso nem mais é uma metáfora a esta altura, mas um mero clichê esvaziado de sentido. A fala avilta um tantinho o debate.
LewandowskiO ministro Lewandowski, também presidente do TSE, tem uma trajetória curiosa nessa história. Era crítico do Ficha Limpa. No dia 21 de maio do ano passado, considerava: “A lei só pode retroagir para beneficiar alguém, nunca pode prejudicar”. À medida, parece, que o texto caiu nas graças da imprensa, foi se tornando seu defensor radical…
Caminhando para o encerramentoEscrevi, creio, quase uma centena de textos sobre o Ficha Limpa. Eu e vocês sabemos o quanto apanhei por isso — até de alguns leitores habituais do blog. A minha questão foi sempre a mesma: não se faz uma democracia sem respeitar as instituições. Não será a bandidagem a decidir se a Carta vale ou não no país. Mais do que isso: sempre alertei, e gostei de ver o ministro Fux fazer o mesmo hoje —  já critiquei aqui algumas manifestações suas —, que o vírus da transgressão à Constituição contamina as liberdades individuais.
Nesta quarta, o ministro Ayres Britto provou com sobras a minha tese. Ele acredita que, no Brasil, ‘direitos individuais têm sido usados para esvaziar outros direitos da cidadania”. Bem, queridos, nós somos aquela gente esquisita que acredita que, fora dos direitos individuais, não há salvação para a democracia. Na verdade, nós acreditamos que, fora dos direitos individuais, não há nem mesmo democracia. 
Por Reinaldo Azevedo, revista Veja

terça-feira, 8 de março de 2011

Para os Rapazes e para os Homens



Presidente Gordon B. Hinckley
Meus irmãos, é uma imensa oportunidade e uma assombrosa responsabilidade falar a vocês.
Presidente Gordon B. Hinckley
Quero dirigir-me primeiramente aos rapazes que estão hoje aqui. Obrigado por sua presença, onde quer que estejam reunidos. Obrigado por freqüentarem o seminário, bem como as reuniões dominicais. Louvo-os por seu desejo de aprenderem o evangelho, de aprofundarem seu conhecimento estudando a palavra do Senhor. Obrigado pelo desejo que têm em seu coração de servirem como missionários. Obrigado por seus sonhos de casarem-se no templo e de criarem sua própria família de modo honrado.
Vocês não são "garotos perdidos". Não estão desperdiçando a vida vagando sem rumo. Vocês têm um propósito. Têm objetivos. Têm planos que só podem conduzi-los ao crescimento e fortalecimento.
Se utilizarem a energia que possuem e concentrarem seus sonhos em um objetivo, muitas coisas maravilhosas irão acontecer. Recebi recentemente a proclamação de um grupo de rapazes SUD da área norte da Califórnia. Eles pertencem a 19 estacas diferentes. Quando se reuniram nas montanhas, visitaram o local em que ocorreu uma tragédia na época dos pioneiros. Enquanto os rapazes meditavam sobre o que tinham visto e as recordações de seu legado, foram convidados a assinar a Proclamação do Acampamento Escoteiro da Trilha Mórmon. Gostaria de ler essa promessa para vocês.
"Declaramos a todos que somos escoteiros e portadores do Sacerdócio Aarônico de Deus. Juramos fidelidade aos valores e princípios que guiaram os soldados do Batalhão Mórmon e os homens e mulheres, Pioneiros Santos dos Últimos Dias, que ajudaram a estabelecer este estado da Califórnia. Como seus filhos agradecidos, regozijamo-nos em nosso legado de serviço ao próximo.
Neste dia, 18 de julho de 1998, assumimos o compromisso de converter-nos ao evangelho de Jesus Cristo. Estudaremos as escrituras. Oraremos pedindo forças para obedecer. Trabalharemos. Empenhar-nos-emos de todo o coração em seguir o exemplo de Jesus.
Magnificaremos o sacerdócio que nos foi concedido, servindo ao próximo. Manter-nos-emos dignos de abençoar o sacramento da Ceia do Senhor. Sempre que houver necessidade de ajuda, da mesma forma que nossos antepassados, seremos voluntários.
Provar-nos-emos dignos do Sacerdócio Maior, de Melquisedeque. Comprometemo-nos a integrar o exército do Senhor e seguir adiante como missionários de tempo integral para convidar todas as pessoas a achegarem-se a Cristo.
Somos os jovens do convênio. Preparar-nos-emos para receber o convênio do casamento eterno. Oramos para que tenhamos uma esposa e filhos dignos, a quem honraremos e protegeremos com nossa própria vida.
Declaramos que, sejam quais forem os riscos, tentações ou condições do mundo a nosso redor, tal como nossos antepassados foram fiéis, também o seremos. Tal como os que viveram antes de nós, não procuraremos nosso próprio engrandecimento e renunciaremos a vantagens pessoais para construir uma sociedade pacífica, governada por Deus.
Seremos fiéis a esse nosso juramento em todos os momentos e em todos os lugares."
Quero cumprimentar todos os rapazes que assinaram esse juramento. Oro para que nenhum deles deixe de cumprir a promessa que fez a si mesmo, à Igreja e ao Senhor.
Quão diferente seria este mundo se todo rapaz pudesse e quisesse assinar uma promessa como essa. Não haveria vidas devastadas pela droga. Não haveria gangues, com crianças matando outras e rapazes seguindo por um caminho que irá conduzi-los à prisão ou à morte. A educação seria um prêmio digno de ser conquistado. O serviço na Igreja seria uma oportunidade apreciada. Haveria mais paz e amor no lar. Não haveria pornografia nem livros imorais. Vocês honrariam e respeitariam as moças de seu convívio, e elas nunca teriam medo de estar em sua companhia em qualquer situação. Seria como se os valentes guerreiros de Helamã tivessem recrutado os jovens de todo o mundo para o seu estilo de vida.
É claro que a missão deve fazer parte de seus planos. Vocês devem servir com alegria em qualquer lugar a que sejam enviados para fazer o trabalho do Senhor, dedicando todo o seu tempo, atenção, força, energia e amor a esse serviço.
Gostaria de ler para vocês alguns trechos da carta de um rapaz que está servindo missão. Ela foi escrita para sua família, e espero não estar sendo indiscreto ao lê-la para esta grande congregação. Não mencionarei o nome do remetente nem a missão em que está.
Ele escreve: "O ano que passou foi extraordinário! Fui transferido do escritório da missão e designado para um pequeno ramo. Minha vida mudou drasticamente desde a última transferência. Nos últimos meses aprendi o que realmente importa na vida. Aprendi o que realmente tem valor. Aprendi a esquecer-me de mim mesmo. Aprendi a trabalhar de modo eficaz. Aprendi a amar as pessoas. Aprendi que Deus me ama e que eu O amo. Em resumo, aprendi a viver de acordo com minhas crenças. ( . . . )
Aprendi a respeito das pessoas e das coisas. Vi lágrimas de alegria no rosto daqueles que nunca tiveram o conhecimento de que eram filhos de Deus. Vi as orações dos arrependidos serem atendidas. Vi as pessoas absorverem o evangelho de Jesus Cristo e desejarem tornar-se uma nova pessoa, tudo isso por causa de algo que sentiram. ( . . . )
Sonho freqüentemente com o plano de salvação. Penso na obra maravilhosa e um assombro que foram realizados. Penso no poder e na força dos anjos que estão entre nós. Imagino quantos deles estão à minha volta ajudando-me a prestar testemunho em uma língua que nunca pensei que seria capaz de compreender plenamente.
Medito nas coisas pacíficas de glória imortal que Enoque viu em sua visão. ( . . . ) Sou grato a Deus por ser quem sou. Minha maior bênção na vida é estar vivo e a serviço de nosso Deus. Nisso encontro grande paz e alegria".
Meus queridos jovens amigos, espero que todos vocês estejam almejando o serviço missionário. Não posso prometer que será divertido. Não posso prometer facilidade e conforto. Não posso prometer que não terão de passar por momentos de desânimo, temor ou mesmo angústia. Mas posso prometer que crescerão como nunca o fizeram em um período de tempo equivalente em toda a sua vida. Prometo-lhes uma felicidade que será ímpar, maravilhosa e duradoura. Posso prometer que vocês reavaliarão sua vida, estabelecerão novas prioridades, viverão mais perto do Senhor, e que a oração se tornará uma experiência real e maravilhosa, que vocês andarão na fé proveniente das boas coisas que fizerem.
Deus os abençoe, rapazes e meninos desta Sua grande Igreja. Que cada um de vocês se decida com mais determinação a ser um santo dos últimos dias em todos os sentidos do termo. Que a realização, o sucesso e o serviço sejam sua recompensa na fascinante e maravilhosa vida que têm à sua frente.
Gostaria agora de dirigir-me aos homens mais velhos, esperando que parte da lição sirva para os jovens também.
Quero falar-lhes a respeito de assuntos materiais.
Para alicerçar o que vou dizer, gostaria de ler alguns versículos do capítulo 41 de Gênesis:
Faraó, o rei do Egito, teve sonhos que o deixaram muito perturbado. Os sábios de sua corte não foram capazes de interpretá-los. José foi, então, levado à sua presença: "Então disse Faraó a José: Eis que em meu sonho estava eu em pé na margem do rio,
E eis que subiam do rio sete vacas gordas de carne e formosas à vista, e pastavam no prado.
E eis que outras sete vacas subiam após estas, muito feias à vista e magras de carne. ( . . . )
E as vacas magras e feias comiam as primeiras sete vacas gordas; ( . . . )
Depois vi em meu sonho ( . . . ) que de um mesmo pé subiam sete espigas cheias e boas;
E eis que sete espigas secas, miúdas e queimadas do vento oriental, brotavam após elas.
E as sete espigas miúdas devoravam as sete espigas boas. ( . . . )
Então disse José a Faraó: ( . . . ) O que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó.
As sete vacas formosas são sete anos, as sete espigas formosas também são sete anos, o sonho é um só. ( . . . )
O que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó.
E eis que vêm sete anos, e haverá grande fartura em toda a terra do Egito.
E depois deles levantar-se-ão sete anos de fome, ( . . . ) e Deus se apressa em [fazê-lo]". (Ver Gênesis 41:17­32)
Irmãos, quero deixar bem claro que não estou profetizando. Não estou prevendo sete anos de fome no futuro. Mas estou sugerindo que chegou o momento de colocar nossa casa em ordem.
Existem muitos entre nós que estão vivendo no limite de suas rendas. De fato, alguns estão vivendo com dinheiro emprestado.
Testemunhamos, nas últimas semanas, algumas mudanças bruscas e atemorizadoras nas bolsas de valores de todo o mundo. A economia é algo muito frágil. Uma queda na economia de Jacarta ou de Moscou pode imediatamente afetar o mundo inteiro. Ela pode afetar cada um de nós como indivíduos. Existem indicações de que haverá tempos difíceis à frente, para os quais seria prudente que nos preparássemos.
Espero sinceramente que não voltemos a passar por uma crise mundial. Sou testemunha da Grande Depressão da década de trinta. Terminei a universidade em 1932, quando o índice de desemprego nesta região estava acima de 33 por cento.
Meu pai, naquela época, era o presidente da maior estaca da Igreja neste vale. Isso foi antes da criação de nosso atual sistema de bem-estar. Ele andava de um lado para o outro, preocupado com o povo de sua estaca. Juntamente com outras pessoas, montou um grande projeto de corte de lenha para alimentar o sistema de aquecimento das casas a fim de manter as pessoas aquecidas no inverno. Elas não tinham dinheiro para comprar carvão. Homens que tiveram posses estavam entre aqueles que cortavam lenha.
Gostaria de repetir que espero que nunca mais tenhamos de enfrentar outra crise assim. Mas fico preocupado com a imensa dívida que as pessoas deste país, inclusive muitos membros da Igreja, estão assumindo nos sistemas de crediário. Em março de 1997, essa dívida chegou a 1,2 trilhões de dólares, o que representa um aumento de 7 por cento em relação ao ano anterior.
Em dezembro de 1997, entre 55 e 60 milhões de famílias nos Estados Unidos tinham dívidas no cartão de crédito. A média das dívidas era de sete mil dólares e representava uma despesa de mil dólares por ano em juros e taxas. A dívida no cartão de crédito em relação à renda líquida subiu de 16,3 por cento, em 1993, para 19,3 por cento, em 1996.
Todos sabem que cada dólar emprestado carrega consigo o peso dos juros. Quando não se consegue pagar a dívida, vem a falência. Houve 1.350.118 falências nos Estados Unidos no ano passado. Isso representa um aumento de 50 por cento em relação a 1992. No segundo trimestre deste ano, quase 362.000 pessoas entraram com pedido de falência, um número recorde para um único trimestre.
Somos enganados por propagandas sedutoras. A televisão mostra ofertas tentadoras de empréstimos que chegam a 125 por cento do valor da casa da pessoa. Mas não se faz menção aos juros cobrados.
O Presidente Reuben Clark Jr., na reunião do sacerdócio da conferência de 1938, disse deste púlpito: "Ao assumir uma dívida, os juros tornam-se seu companheiro dia e noite; você não pode evitá-los ou escapar deles; não pode despedi-los; eles permanecem indiferentes a súplicas, solicitações ou ordens; e se você cruzar seu caminho ou deixar de atender suas solicitações, eles o esmagarão". (Conference Report, abril de 1938, p. 103.)
Reconheço que talvez haja necessidade de se fazer um empréstimo para a compra da casa própria. No entanto, compremos uma casa que possamos pagar, reduzindo dessa forma as parcelas que nos serão constantemente cobradas, sem misericórdia ou descanso, pelo período de até 30 anos.
Ninguém sabe quando haverá uma emergência. Fiquei sabendo de um homem que era extremamente bem-sucedido em sua profissão. Ele vivia muito bem. Construiu uma casa muito grande. Então, certo dia, sofreu um grave acidente. Instantaneamente, sem qualquer aviso, quase perdeu a vida. Ficou inválido. Toda a sua capacidade de trabalho ficou inutilizada. Ele precisou pagar uma fortuna em despesas médicas, além de outros pagamentos que tinha para fazer. Ficou à mercê de seus credores.
Desde o início da Igreja, o Senhor tem-Se manifestado a respeito das dívidas. Para Martin Harris, por revelação, Ele disse: "Paga a dívida contraída com o impressor. Livra-te da servidão". (D&C 19:35)
O Presidente Heber J. Grant utilizou este púlpito muitas vezes para falar a respeito desse assunto. Ele disse: "Se existe uma coisa que trará paz e alegria ao coração humano e à família é viver dentro dos recursos disponíveis. E se existe algo doloroso, desanimador e desencorajador são as dívidas e as obrigações que não podem ser pagas". (Heber J. Grant, Gospel Standards, 1941, G. Homer Durham (comp.), p. 111.)
Estamos proclamando a mensagem de auto-suficiência por toda a Igreja. A auto-suficiência não pode ser alcançada se grandes dívidas pesarem sobre a família. Nunca teremos independência nem liberdade se estivermos devendo alguma coisa a alguém.
Ao administrar os negócios da Igreja, tentamos ser um exemplo. Temos por norma, a qual seguimos estritamente, separar a cada ano uma porcentagem das rendas da Igreja de modo a estarmos preparados para uma possível necessidade futura.
Sou grato por poder dizer que a Igreja, em todos os seus negócios, empreendimentos e departamentos, é capaz de funcionar sem fazer empréstimos. Quando não temos condições de realizar alguma coisa, fazemos cortes em nossos programas. Reduzimos as despesas para que se mantenham dentro de nossas rendas. Nunca fazemos empréstimos.
Um dos dias mais felizes da vida do Presidente Joseph F. Smith foi aquele em que a Igreja pagou as dívidas antigas que tinha. Ela nunca mais teve dívidas desde aquela época.
Que sensação maravilhosa é estar livre de dívidas e ter um pouco de dinheiro guardado para alguma emergência e que poderá ser usado quando necessário.
O Presidente Faust provavelmente não lhes contaria o que vou relatar, pode ser que fique bravo comigo depois. Ele tinha uma dívida do financiamento de sua casa que lhe cobrava 4 por cento de juros. As pessoas diziam-lhe que seria tolo saldar a dívida, já que os juros eram tão baixos. Mas na primeira oportunidade que teve de conseguir algum dinheiro, ele e a esposa decidiram quitá-la. Desde aquela época, ficou livre de dívidas. É por isso que ele sempre tem um sorriso no rosto e assobia enquanto trabalha.
Rogo-lhes, irmãos, que analisem sua situação financeira. Rogo-lhes que sejam comedidos em suas despesas, controlem-se no que se refere a compras, que evitem ao máximo as dívidas, que as paguem assim que possível e se livrem da servidão.
Isso faz parte do evangelho secular em que acreditamos. Que o Senhor os abençoe, meus amados irmãos, para que coloquem sua casa em ordem. Se já pagaram suas dívidas, se têm uma reserva, mesmo que seja pequena, mesmo que chegue a tempestade, terão abrigo para sua esposa e filhos e paz no coração. Não tenho mais nada a dizer quanto a esse assunto, mas saliento ao máximo o que disse.
Deixo-lhes meu testemunho da divindade desta obra e meu amor a cada um de vocês, em nome do Redentor, o Senhor Jesus Cristo. Amém.