quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Saber escolher!


Certa vez Nasrudin se viu em grandes apuros. Em uma viagem através de um país estranho foi confundido com um malfeitor foragido da justiça. Foi preso e condenado à morte.

Nasrudin quase não teve tempo de acreditar no que acontecia. Quando enfim percebeu a gravidade da situação, colocou sua intuição no sentido de se livrar daquilo. A forma, ele nem imaginava.
Como era comum naquele país, o condenado tinha o direito de satisfazer a sua última vontade.
Quando foi perguntado qual era a sua última vontade, Nasrudin disse:
"Escolher a forma da minha morte!"
O Juiz disse a Nasrudin: "Você foi condenado à morte e a forma como isso se dará não é relevante na questão. De que forma você quer morrer?"
Nasrudin, aliviado, respondeu:
"De velho!"
Autor desconhecido

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Ser amigo

O sol entrava pelas janelas da sala de aula e ia brincar nos cabelos das crianças. Às vezes projetava uma mão na folha de papel, fazendo uma engraçada sombra. E era uma tentação para os pequenos. Alguns às escondidas, pegavam um lápis e desenhavam sobre a folha, enquanto a professora ditava: Primavera, nome de Estação, como se escreve, Marco? Marco acordava então das suas divagações de luz e de sombra, e respondia:
— Com letra maiúscula, professora.
A professora continuava… Gildinha, Joãozinho, Toninho… Venham fazer um trabalho de grupo. E Marcos pensava: e eu? E eu por que sou só Marcos e não Marquinho? E ficava pensando… talvez o meu nome não dê jeito… Mas ficava triste, sentia que para ele não havia tanta ternura. Aquelas duas sílabas bem marcadas do seu nome o feriam constantemente e ele sentia-se só… ele que nem sequer tinha irmãos.
Chegou a hora do recreio. Uma manhã banhada pela luz do sol. Os passarinhos chilreavam contentes, ostentando a sua bela plumagem e entoando doces trinados. As crianças brincavam tirando das suas mochilas, saborosos lanches que as mães tinham arrumado cuidadosamente. E brincavam, riam, pulavam. De repente, junto ao muro da escola, parou uma pobre menina, suja, com um irmãozinho no colo…
— Como te chamas? — perguntou Marcos.
— Sílvia — respondeu a menina embalando o irmãozinho que chorava.
Marcos pensou: — também ela não era Silviazinha.
— Queres pão?
— Quero.
Marcos partilhou a sua merenda com Sílvia e ficaram amigos. Todos os dias a menina aparecia, todos os dias Marcos partilhava com ela a sua merenda e a menina trazia-lhe uma flor silvestre, que ele guardava cuidadosamente entre as folhas do seu livro. Marcos pensava que a vida era cheia de contrastes de luz e de sombras… Mas também pensou que a amizade e o amor estão nos atos e não nas palavras, que não é por um simples inho ou inha que há mais amor. E, desse dia em diante, sentiu-se mais feliz.
Maria José Craveiro R. Valente
Do livro: O meu mundinho